Crises econômicas têm raízes na política


Erros nos governos de Barack Obama e Angela Merkel remetem à crise japonesa dos anos 1990


A crise econômica que assola Estados Unidos e Europa não é novidade. Há duas décadas, a bolha econômica do Japão estourou, e de lá pra cá, a paralisia política japonesa causou mais danos ao país do que os excessos econômicos dos anos 1980. Sua economia teve um crescimento minúsculo e sua influência regional diminuiu. Não é surpresa, portanto, que os autocratas chineses amparados por toneladas de dinheiro e uma reputação de conseguir aquilo que querem, sentem que o futuro está ao seu lado.

A semelhança entre os dramas da Europa e dos Estados Unidos está na negação da realidade por parte de seus líderes. Merkel não admite que a Grécia esteja quebrada, e que países do norte da Europa (incluindo seu próprio país, a Alemanha) terá que arcar com boa parte da conta, seja por meio da transferência de dinheiro para os países do sul, ou de resgates a seus bancos. Como aconteceu no Japão, os líderes europeus não foram capazes de realizar reformas estruturais, e caso um novo acordo crie uma união fiscal europeia, isso não terá sido fruto de uma decisão estratégica ousada de Merkel e seus companheiros, e sim de várias fugas de formas de lidar com o problema.

Já o problema da dívida norte-americana não diz respeito ao presente, mas sim ao médio prazo. Barack Obama parece preso à idéia fictícia de que o déficit pode ser combatido com aumentos nos impostos sobre a população mais rica: ele desperdiçou parte de sua transmissão nacional nesta semana condenando os ricos, embora democratas e republicanos já tivessem retirado propostas envolvendo tais aumentos.

O problema japonês tinha raízes no sistema monopartidário, e a guerra entres facções políticas sobreviveu tanto à derrota retumbante do Partido Liberal Democrata em 2009, quanto ao recente terremoto que abalou o país. No Congresso dos Estados Unidos, o centro moderado – democratas conservadores e republicanos liberais – ruiu, em parte porque a redistribuição partidária deu poder a extremistas. Na Europa, políticos nacionais lutam para combater problemas de dimensões continentais.

Os políticos japoneses tiveram inúmeras chances de mudar seu destino, e sua procrastinação só agravou os problemas. Seus colegas no Ocidente deveriam aprender com os erros de seus pares na terra do sol nascente.

*Texto adaptado por Felipe Varne

Fonte: The Economist

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