TENDÊNCIAS E DEBATES


Amy Winehouse foi encontrada morta em sua cama


Amy e o direito de dizer sim às drogas e à morte

Por Felipe Varne

Durante a semana, a morte da cantora Amy Winehouse dominou as manchetes dos noticiários ao redor do mundo. Numa estranha ironia, a mesma mídia que agora lamenta a perda de Winehouse foi a que se alimentou de seu comportamento, seus escândalos e suas visitas às clínicas de reabilitação. Os quase cinco anos que separam o lançamento do álbum Back To Black da morte de Amy ficaram marcados pelo período em que seu inegável talento foi ofuscado por seu descontrole, semanalmente estampado nas capas dos tablóides ao redor do mundo.

A morte de Amy Winehouse levanta uma importante questão sobre o eterno debate a respeito do uso de drogas na sociedade. Comportamentos como os da cantora ou de seu parceiro de festas, Pete Doherty, vocalista da banda Libertines, são bem claros: na canção que a levou ao sucesso, Rehab, Winehouse afirma e reafirma que não irá para a reabilitação. Por todo o planeta, centenas de outras Amys e Petes, menos famosos e com contas bancárias menos recheadas também embarcam em jornadas que ocasionalmente terminam em vômitos, desmaios, e longas hemorragias nasais que podem se transformar em viagens sem volta aos necrotérios. Enquanto isso, na Europa é cada vez maior a pressão para que o vício em drogas seja tratado como um problema de saúde pública, que viciados sejam encarados como pessoas enfermas por quem o Estado deve zelar.

Deixando de lado as ramificações do problema (as drogas são ilegais e seu comércio alimenta a violência nas grandes cidades), esse é um dilema que divide opiniões no mundo todo: seriam os viciados vítimas de um problema social, ou apenas indivíduos fazendo uso de seu direito natural de autodestruição?

Em sua coluna na Folha de São Paulo, o jornalista João Pereira Coutinho levantou a ideia de que, ao contrário de resfriados e doenças venéreas, o vício em drogas não é “algo que se contrai”, e tampouco é decorrente de uma mutação celular, como o câncer. O uso de drogas depende de uma escolha voluntária por parte do usuário. Por outro lado, a visão européia defende a idéia de que a disponibilidade e o fácil acesso às drogas são um mal que deveria ser evitado pelo Estado. Como não é, cabe a ele então cuidar daqueles que se deixam abater por elas.

Curiosamente, a morte de Amy Winehouse pode ter tido muito pouco a ver com seu uso de drogas ilegais. Embora estivesse debilitada pelo consumo dos mais diferentes entorpecentes, há suspeitas de que a causa da morte pode ter sido abstinência alcoólica. O álcool, legalizado e disponível em qualquer esquina era o tema de Rehab, e acompanhou Amy Winehouse desde a adolescência.

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