O homem de Davos.

O homem de Davos e seus defeitos

As pessoas que o administram precisam pensar bastante no que elas querem dizer tanto com globalização como com liderança (Reprodução/The Economist)

As duas expressões mais populares no palavreado empresarial provavelmente são “liderança” e “global”. É só juntá-las para fazer os engravatados salivarem. É por isso, talvez, que mais que 1.000 chefes de empresas se dirigiram para Davos, uma estância de esqui suíça, na semana passada. Lá, na festança anual do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), eles bebericaram vin de glaciers com cerca de 50 chefes políticos e 300 ministros de estado. Independente do assunto, do déficit a doenças letais, só se falava a respeito de oferecer “liderança global”. E não apenas no curto prazo: o WEF rigorosamente seleciona e adestra “Jovens Líderes Globais” para formar uma “comunidade de líderes da próxima geração orientada por uma missão e pautada por princípios”.

O culto ao líder global está se espalhando. As faculdades de administração estão cheias deles. Elas se orgulham de sua habilidade de selecionar e educar líderes para posições globais. É clara a necessidade de liderança global, mas o público não fica impressionado ao ver o que está disponível. Muitos dos banqueiros e políticos pegos de calça curta durante a crise financeira eram presenças regulares em Davos. Pessoas comuns confiam tanto no homem de Davos quanto em um lobista da Federação Internacional dos Escroques. Uma pesquisa feita pela Edelman, uma empresa de relações públicas, constatou que apenas 18% das pessoas acreditam que os líderes empresariais falam a verdade. Para líderes políticos este número é de 13%.

O que pode ser feito? Muito dessa resposta envolve fornecer ferramentas para as pessoas comuns fiscalizarem o homem de Davos: imputabilidade mais rigorosa para líderes governamentais, regulações mais bem feitas para coibir abusos empresariais. Mas há também a necessidade de reformar o setor da liderança global. As pessoas que o administram precisam pensar bastante no que elas querem dizer tanto com globalização como com liderança.

Se a liderança tem um tempero secreto, é possível que este seja a humildade. Um chefe humilde entende que há coisas que ele não sabe. Ele ouve: não apenas os outros figurões em Davos, mas também o tipo de pessoa que não recebe convites seus clientes, por exemplo.The Economist


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