Crivella e Rio: uma parceria que não dá samba
Crivella é acusado de demagogia por integrantes das escolas de samba (Foto: ABr)
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, iniciou uma polêmica na semana passada ao anunciar um corte de 50% na verba destinada às escolas de samba para o Carnaval de 2018.
Segundo o prefeito, o patrocínio destinado no ano que vem às 13 escolas de samba que compõem o grupo especial será reduzido para R$ 1 milhão para cada agremiação, o que vai gerar uma economia de R$ 13 milhões para a prefeitura. Também haverá cortes para o Grupo de Acesso, mas os valores não foram divulgados.
Segundo Crivella, a verba salva com o corte será redirecionada para creches que têm convênio com a prefeitura. A ideia é dobrar de R$ 10 para R$ 20 o valor gasto por crianças pelas creches.
O que dizem as escolas de samba
Ao lado do Réveillon, o Carnaval carioca é um dos principais eventos do Rio de Janeiro. Logo, o anúncio gerou indignação por parte de integrantes de escolas de samba, representantes da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), carnavalescos e ícones da cultura popular, como a cantora Alcione.
Cinco das 13 escolas do grupo especial ameaçaram boicotar o carnaval, caso o corte seja efetivado. As escolas são União da Ilha, Mocidade, São Clemente, Mangueira e Unidos da Tijuca. Outras agremiações ainda não se posicionaram sobre o boicote.
No último sábado, 17, componentes de várias escolas saíram em protesto da Marquês de Sapucaí até a sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, centro do Rio. Um dos presentes no ato era Laíla, diretor da Beija-Flor. Em entrevista ao site G1, ele acusou o prefeito de usar uma retórica demagógica e de por em risco o trabalho de pessoas que se dedicam o ano inteiro ao Carnaval.
“Nós temos muitas crianças necessitadas no Rio de Janeiro, não só as das creches da prefeitura. Quando você pega um momento difícil como este e quer atingir o que mais embeleza o carnaval carioca é muita demagogia. […] Não tenho meios e ganhos que não seja o Carnaval, e muita gente que trabalha o ano inteiro também não tem. Não tem vagabundo, não tem ladrão”, disse o diretor.
Outra que criticou a proposta foi a cantora Alcione. “Eu queria dizer uma coisa: cortaram metade da verba para as escolas de samba. Os caras vão lá na Petrobras e roubam e a culpa é do samba? O samba já foi tão marginalizado. Espero que o prefeito reveja isso e volte atrás em sua decisão”, disse a cantora, em um programa da emissora Globo.
Integrantes das escolas de samba se queixam de que Crivella vem descumprindo promessas de campanha. Eles lembram o fato de Crivella ser o primeiro prefeito carioca a não comparecer a uma cerimônia para a entrega das chaves da cidade ao Rei Momo, ato que caracteriza a abertura oficial do Carnaval carioca.
“Este ano, ele sequer entregou as chaves da cidade ao Rei Momo. Fica a dúvida se foi ou não por convicções religiosas (o prefeito é bispo licenciado da Igreja Universal) que ele não foi à Sapucaí. O fato é que com R$ 1 milhão a menos não dá para desfilar. O prefeito está dando as costas para um evento que traz muito mais retorno para a cidade do que é investido pela prefeitura”, disse o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta.
O que diz Crivella
Nesta segunda-feira, 19, Crivella tornou a reafirmar o corte e diz que não pretende voltar atrás. “Acho que vou criar o bloco ‘é conversando que a gente se entende’. Estamos enfrentando uma crise e as crianças e as creches são prioridades. Temos de reavaliar e corrigir os custos do ano passado, quando houve um aumento do subsídio num momento de euforia”, disse o prefeito, em um evento no centro do Rio.
O aumento citado por Crivella é referente à gestão do ex-prefeito Eduardo Paes, que em 2015 aumentou para R$ 2 milhões a verba destinada às escolas de samba para compensar o corte de repasses do governo estadual, que já enfrentava dificuldades financeiras.
O prefeito comparou a discussão com as cólicas de um parto, afirmando que “cólicas não são pra desanimar”. “As cólicas de uma mulher que vai dar à luz são redentoras”, disse Crivella.
Crivella espera que o corte nas escolas de samba seja suprido por patrocinadores privados. A Riotur afirmou que vai tentar captar verba privada para o Carnaval. Porém, tal medida não surtiu efeito na Paradas gay LGBT, evento que também foi alvos de cortes por parte de Crivella, sob a mesma justificativa.
O que dizem os números
Segundo um cálculo feito pelo jornal Globo, o corte de R$ 13 milhões do Carnaval carioca não seria suficiente para cobrir os investimentos prometidos por Crivella nas creches conveniadas. Isso porque, para que a verba seja dobrada para R$ 20, como deseja o prefeito, seriam necessários R$ 43,2 milhões a mais por ano.
Segundo o jornal, o valor economizado com o corte nos repasses para o Carnaval seria suficiente para atender 3.611 crianças, número muito abaixo das cerca de 20 mil crianças atualmente atendidas pelas creches conveniadas.FOLHA
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, iniciou uma polêmica na semana passada ao anunciar um corte de 50% na verba destinada às escolas de samba para o Carnaval de 2018.
Segundo o prefeito, o patrocínio destinado no ano que vem às 13 escolas de samba que compõem o grupo especial será reduzido para R$ 1 milhão para cada agremiação, o que vai gerar uma economia de R$ 13 milhões para a prefeitura. Também haverá cortes para o Grupo de Acesso, mas os valores não foram divulgados.
Segundo Crivella, a verba salva com o corte será redirecionada para creches que têm convênio com a prefeitura. A ideia é dobrar de R$ 10 para R$ 20 o valor gasto por crianças pelas creches.
O que dizem as escolas de samba
Ao lado do Réveillon, o Carnaval carioca é um dos principais eventos do Rio de Janeiro. Logo, o anúncio gerou indignação por parte de integrantes de escolas de samba, representantes da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), carnavalescos e ícones da cultura popular, como a cantora Alcione.
Cinco das 13 escolas do grupo especial ameaçaram boicotar o carnaval, caso o corte seja efetivado. As escolas são União da Ilha, Mocidade, São Clemente, Mangueira e Unidos da Tijuca. Outras agremiações ainda não se posicionaram sobre o boicote.
No último sábado, 17, componentes de várias escolas saíram em protesto da Marquês de Sapucaí até a sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, centro do Rio. Um dos presentes no ato era Laíla, diretor da Beija-Flor. Em entrevista ao site G1, ele acusou o prefeito de usar uma retórica demagógica e de por em risco o trabalho de pessoas que se dedicam o ano inteiro ao Carnaval.
“Nós temos muitas crianças necessitadas no Rio de Janeiro, não só as das creches da prefeitura. Quando você pega um momento difícil como este e quer atingir o que mais embeleza o carnaval carioca é muita demagogia. […] Não tenho meios e ganhos que não seja o Carnaval, e muita gente que trabalha o ano inteiro também não tem. Não tem vagabundo, não tem ladrão”, disse o diretor.
Outra que criticou a proposta foi a cantora Alcione. “Eu queria dizer uma coisa: cortaram metade da verba para as escolas de samba. Os caras vão lá na Petrobras e roubam e a culpa é do samba? O samba já foi tão marginalizado. Espero que o prefeito reveja isso e volte atrás em sua decisão”, disse a cantora, em um programa da emissora Globo.
Integrantes das escolas de samba se queixam de que Crivella vem descumprindo promessas de campanha. Eles lembram o fato de Crivella ser o primeiro prefeito carioca a não comparecer a uma cerimônia para a entrega das chaves da cidade ao Rei Momo, ato que caracteriza a abertura oficial do Carnaval carioca.
“Este ano, ele sequer entregou as chaves da cidade ao Rei Momo. Fica a dúvida se foi ou não por convicções religiosas (o prefeito é bispo licenciado da Igreja Universal) que ele não foi à Sapucaí. O fato é que com R$ 1 milhão a menos não dá para desfilar. O prefeito está dando as costas para um evento que traz muito mais retorno para a cidade do que é investido pela prefeitura”, disse o presidente da Unidos da Tijuca, Fernando Horta.
O que diz Crivella
Nesta segunda-feira, 19, Crivella tornou a reafirmar o corte e diz que não pretende voltar atrás. “Acho que vou criar o bloco ‘é conversando que a gente se entende’. Estamos enfrentando uma crise e as crianças e as creches são prioridades. Temos de reavaliar e corrigir os custos do ano passado, quando houve um aumento do subsídio num momento de euforia”, disse o prefeito, em um evento no centro do Rio.
O aumento citado por Crivella é referente à gestão do ex-prefeito Eduardo Paes, que em 2015 aumentou para R$ 2 milhões a verba destinada às escolas de samba para compensar o corte de repasses do governo estadual, que já enfrentava dificuldades financeiras.
O prefeito comparou a discussão com as cólicas de um parto, afirmando que “cólicas não são pra desanimar”. “As cólicas de uma mulher que vai dar à luz são redentoras”, disse Crivella.
Crivella espera que o corte nas escolas de samba seja suprido por patrocinadores privados. A Riotur afirmou que vai tentar captar verba privada para o Carnaval. Porém, tal medida não surtiu efeito na Paradas gay LGBT, evento que também foi alvos de cortes por parte de Crivella, sob a mesma justificativa.
O que dizem os números
Segundo um cálculo feito pelo jornal Globo, o corte de R$ 13 milhões do Carnaval carioca não seria suficiente para cobrir os investimentos prometidos por Crivella nas creches conveniadas. Isso porque, para que a verba seja dobrada para R$ 20, como deseja o prefeito, seriam necessários R$ 43,2 milhões a mais por ano.
Segundo o jornal, o valor economizado com o corte nos repasses para o Carnaval seria suficiente para atender 3.611 crianças, número muito abaixo das cerca de 20 mil crianças atualmente atendidas pelas creches conveniadas.FOLHA
Comentários
Postar um comentário