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Produtos regionais alavancam mercado de cervejas no Brasil

EFE/Cabalar

Em meio à luta contra a alta tributação, o setor de cervejarias artesanais no Brasil encontrou nos produtos exóticos e regionais um diferencial para crescer, com diversos sabores, aromas e experiências sensoriais aos consumidores.

As cervejarias artesanais, que têm ganhado com mais força no país nos últimos dez anos, registram atualmente um aumento de 17% ao ano, consolidando uma nova tendência de consumo.

Frutas regionais como cupuaçu, maracujá, tangerina e açaí são ingredientes de cervejas artesanais do Norte e do Nordeste do país. Outros rótulos de microcervejarias sulistas levam pinhão, pimenta e erva-mate. Em Paraná, São Paulo e Minas Gerais, a bebida é também tem manga, damiana, hibisco, castanhas, limão, caju, acerola e até mesmo café.

Cerca de 91% dos produtores dessas cervejas estão no Sul e no Sudeste do país, segundo dados do Instituto da Cerveja. Estas também são as regiões consideradas mais desenvolvidas economicamente e mais populosas do país.

O presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Giovanni Lapolli, relaciona o aspecto cultural e a influência de imigrantes europeus nessas regiões como forças para a fabricação em pequena escala.

Por outro lado, Lapolli ressalta o crescimento da produção artesanal no Norte e no Nordeste do país, principalmente pelos ingredientes exóticos como a uvaia, frutas cítricas, castanhas e açaí.

"O cervejeiro coloca os ingredientes buscando fatores sensoriais, como aroma, sabor e textura, deixando de lado a economia e o aspecto financeiro. Usamos cevada ao invés do extrato de milho, por exemplo, preocupação que não existe nas marcas populares", explicou Lapolli à Agência Efe.

Em números, a Abracerva estima a existência de 600 cervejarias artesanais no Brasil e uma produção média de cinco milhões de litros por mês. O volume está bem abaixo do total nacional, estipulado pelo Instituto da Cerveja em mais de um bilhão de litros mensais.

Sem os desafios da produção em larga escala, as artesanais acabam sendo mais caras do que as populares em virtude da qualidade dos produtos utilizados, como cereais nobres e importados, entre eles o lúpulo e o malte.

"Nos Estados Unidos e na Europa, o valor da cerveja artesanal é de duas a três vezes maior que o da cerveja comum, enquanto no Brasil essa proporção é de cinco a dez vezes. Isso influencia na decisão do consumidor e impede que o negócio cresça mais", comentou Lapolli.

"O consumo brasileiro exige uma quantidade de cevada que o agricultor não consegue suprir. É evidente que as grandes empresas de cerveja utilizam outros grãos, como milho, arroz e até mesmo alpiste", revelou à EFE o pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas, Alisson Chiorato.

Segundo Lapolli, outro fator que determina a precificação é a alta tributação, que chega a 56% sobre o valor do produto. Para ele, diante das limitações para comercialização e expansão das cervejas artesanais, o grande desafio da Associação é "conscientizar" o brasileiro para democratizar e ampliar seu consumo.EFE

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