BRASIL JUSTIÇA

Moro diz que admira a política, mas descarta ser candidato

EFE/Sebastião Moreira

O juiz federal Sergio Moro, condutor da Operação Lava Jato na 1ª instância, afirmou nesta terça-feira em São Paulo que é um admirador dos bons políticos, mas descartou uma possível candidatura presidencial, como alguns setores da sociedade propuseram.

"A profissão política é uma das mais belas. Há muitos bons políticos. Penso que é preciso ter um certo perfil (para ser político) e sinceramente não me vejo com esse perfil. Não sou e nem serei candidato", declarou o magistrado durante a abertura do "Fórum Mitos e Fatos", promovido em São Paulo pela rádio "Jovem Pan".

Os nome de Moro, que ganhou grande notoriedade com a Operação Lava Jato, e do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que conduziu o julgamento do mensalão, são mencionados entre alguns setores como potenciais candidatos para as eleições presidenciais de 2018.

No final de junho, uma pesquisa realizada pelo Datafolha apontou que, se Moro fosse candidato, seria o segundo mais votado, com 14% dos sufrágios, atrás apenas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que receberia 29% dos votos.

Em seu discurso nesta terça-feira, o juiz pediu aos poderes Legislativo e Executivo que liderem mais ações no combate à corrupção e não limitem essa tarefa ao Judiciário, à polícia e ao Ministério Público.

"A atuação contra a corrupção é quase exclusiva do sistema judiciário e por isso precisamos de mais reação do Congresso e do Poder Executivo", apontou Moro, para quem são "essencialmente importantes as mudanças para diminuir as oportunidades de práticas corruptas", como a reforma política tramitada no Congresso.

Contudo, Moro criticou os termos da reforma, e ressaltou a necessidade de mudar o esquema de financiamento das campanhas eleitorais para evitar que empresas que se beneficiam de créditos públicos façam depois milionárias doações aos partidos.

"Empresas contratantes do poder público não podem fazer doações, me parece algo óbvio", afirmou.

O magistrado lembrou que empresas que conseguiram contratos públicos faziam doações "a todo o espectro político, por assim dizer, uma espécie de contrato seguro" para sua participação em licitações públicas e, por isso, "deveria haver um limite muito rígido, muito estrito, para as doações e assim o empresário não se sentir devedor".

Para Moro, "mais de R$ 3 bilhões para custear as eleições", como apontaram alguns analistas da reforma política, é uma quantia muito alta "em um momento de crise fiscal".

Durante o fórum, do qual participaram importantes juristas, como a presidente do STF, Cármen Lúcia, Moro se mostrou otimista sobre os resultados do combate à corrupção e confiou que o país pode melhorar sua posição no ranking da ONG Transparência Internacional, onde aparece no 79º lugar.

"Aqui o caso Petrobras começou pequeno, mas depois foi impressionando em tudo", ressaltou o juiz, que admitiu que no Brasil "a regra era a impunidade, mas na Lava Jato o que mais assusta é o caráter sistemático em que a corrupção também era a regra do jogo".

Moro qualificou a Lava Jato como uma operação de "investimento barato" por seu alcance e "os lucros expressivos de recuperação do dinheiro desviado", o que deveria fazer possível "aumentar os efetivos (de policiais e fiscais) para chegar com os bons resultados até o final".

"A corrupção sempre vai existir, porque faz parte do ser humano com seus defeitos e virtudes. Por isso não devemos ter retrocessos e é importante que a imprensa, com o seu jornalismo investigativo, informe as pessoas, porque as pessoas têm o direito de saber o que está acontecendo", concluiu.EFE

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