HOMENAGENS VIRTUAIS - Epitáfios da 1ª Guerra Mundial ganham vida no Twitter

Em maio de 1915, o exército proibiu o repatriamento de corpos de zonas de guerra (Foto: Pixabay)

Todos os dias, às 17h30, um epitáfio do túmulo de um soldado ou de uma enfermeira da Commonwealth morto durante a Primeira Guerra Mundial é postado no Twitter. Os textos às vezes são sentimentais, “Corajoso, sincero, amável, um filho amado, o orgulho de uma mãe viúva”, ou patriótico “Cumpriu seu dever perante sua pátria”. Alguns são poéticos “Seus passos distantes ecoam pelos corredores do tempo”, outros indignados, “Sacrificou-se pela mentira que a guerra pode acabar com a guerra”. Desde 4 de agosto de 2014, a historiadora Sarah Wearne, autora de Epitaphs of the Great War, posta os epitáfios em sua conta @WWInscriptions. Wearne terminará de postá-los em 11 de novembro de 2018, dia do centenário do armistício que encerrou a guerra.

Em maio de 1915, o exército proibiu o repatriamento de corpos de zonas de guerra. Os parentes das vítimas presumiram que poderiam repatriar seus entes queridos após o fim da guerra. Mas um relatório da Comissão de Sepulturas de Guerra divulgado em 1918 confirmou a proibição. “Os túmulos expressam o sacrifício do povo britânico em defesa da liberdade das nações e dos homens”, dizia. A Comissão também decidiu que as lápides seriam todas iguais, uma simples pedra com uma inscrição sucinta, independente se fosse de um general, um soldado raso, um sapateiro ou um conde.

Em cada tuíte, Wearne acrescenta um link para seu blog onde tenta decifrar os textos obscuros de alguns epitáfios. Algumas famílias eram extremamente criativas e faziam alusões a escritores famosos, como no epitáfio “Depois de uma vida gloriosa, ele repousa tranquilo”, uma referência a William Shakespeare e a Thomas Osbert Mordaunt, um oficial do exército e poeta britânico do século XVIII. Alguns parentes inspiraram-se em hinos, canções, duetos de amor e até em músicas de marinheiros irlandeses. As inscrições também revelam as preferências culturais da época e Tennyson é o poeta mais citado.

Wearne procura entender pelo texto dos epitáfios como eram as pessoas, como haviam morrido e que características especiais tinham suas famílias. Um túmulo com a inscrição “Um exemplo nobre do heroísmo feminino” referia-se a Nellie Spindler, uma enfermeira de 26 anos morta na França durante o bombardeio de um hospital. A mãe de Nellie inspirou-se na homenagem de Henry Wadsworth Longfellow a Florence Nightingale feita em 1857.

No Twitter, Wearne procura mostrar que “não existe uma única narrativa”. As pessoas lutaram em nome da liberdade, da civilização ou com o simples objetivo de terminar a guerra. Agora, as vozes há muito silenciadas são ouvidas de novo e as lembranças das famílias contam um pouco sobre cada uma delas.The Economist

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