MEIO AMBIENTE

Direitos autorais em prol dos animais em extinção

Quem lucra com a vida selvagem pode contribuir para a preservação (Foto: Wikipedia)

O suricato, um pequeno animal nativo da África, é adorável. Esse animal que fica em pé apoiado nas patas traseiras em posição de alerta, faz tanto sucesso com o público, que o escolheram como protagonista em uma longa campanha publicitária na televisão britânica para um site de comparação de preços. Os suricatos também foram tema de um documentário de televisão, “Meerkats United”, que descreveu a vida de um grupo deles no deserto de Kalahari. Esse documentário inspirou, por sua vez, um projeto de pesquisa liderado por David Macdonald, um zoologista da Universidade de Oxford.

Se essa criação fosse puramente artística, seria protegida por direitos autorais e a receita da reprodução e venda do material poderia ser usada para o estudo e preservação desses animais. Infelizmente, o mundo natural não está protegido por direitos autorais. Mas Macdonald e dois colegas, Caroline Good e Dawn Burnham, em um artigo publicado em Animals, questionaram se os que lucram com representações culturais da vida selvagem poderiam contribuir para a preservação dos animais, muitos deles ameaçados de extinção.

Outro projeto em que Macdonald está envolvido é um estudo de leões no Zimbábue. Há pouco tempo, a notícia da morte de um leão por um caçador americano, quando o animal se afastou da área protegida, comoveu o mundo. Muitos leões são mortos por caçadores ilegais, um crime que poderia ser evitado se houvesse mais pessoas encarregadas de protegê-los.

Com essa ideia em mente, os três pesquisadores fizeram uma proposta a Premier League, uma das ligas profissionais de futebol mais ricas do mundo, cuja logomarca é um leão, de investir £1 (US$1,30), em cada uma das 5 milhões de camisetas vendidas com esse logo todos os anos. Segundo a sugestão, parte da receita seria revertida para financiar parques e áreas voltados à proteção de leões em lugares ameaçados por caçadores ilegais. Além disso, seria uma boa publicidade para a liga. Porém, a ideia não funcionou.

É aconselhável selecionar bem os colaboradores para esse tipo de empreendimento. Em 2014, os organizadores da Copa do Mundo no Brasil escolheram como mascote um tatu-bola, apelidado de Fuleco, uma mistura de “futebol” com “ecologia”. A pedido de pesquisadores locais, a Fifa e o governo brasileiro comprometeram-se a pagar em conjunto pela proteção de 1.000 hectares de habitats de tatus-bola por cada gol marcado na competição. O marketing do Fuleco arrecadou milhões de dólares. Mas a Fifa e o governo brasileiro, envolvidos em outros problemas, não cumpriram a promessa.The Economist

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