OPÇÃO DESCARTADA

América do Sul rejeita ação militar dos EUA na Venezuela

Para especialistas, a rejeição à medida tem a ver com a história da região (Foto: Ismael Francisco/Cubadebate)

Há tempos a Venezuela se tornou um país pária da América Latina, criticado por vários líderes da região. Porém, a ameaça de intervenção militar feita pelos Estados Unidos na última sexta-feira, 11, uniu os líderes sul-americanos em uma direção oposta.

Na sexta-feira, Donald Trump disse que uma intervenção militar dos EUA é uma opção para a Venezuela. Imediatamente após a declaração, governos de vários países sul-americanos rechaçaram a medida, incluindo Brasil e Colômbia.

No último domingo, 13, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse “que a possibilidade de uma intervenção militar não deveria sequer ser considerada”. “A América é um continente de paz”, disse Santos.

A posição de Santos ecoou no discurso dos demais líderes da região. O governo brasileiro declarou que renunciar à violência “é a base de uma coexistência democrática”. O México disse que a crise não deve ser resolvida com soldados e o Peru, que tem sido um dos maiores críticos da Venezuela, também condenou o uso da força. A mensagem dos governos foi clara e uníssona: os EUA devem ficar de fora dos assuntos da região.

Segundo Shannon O’Neil, especialista em América Latina no Conselho de Relações Internacionais, um centro de pesquisas norte-americano, muito dessa reação tem a ver com a história do continente sul-americano, que já foi apelidado de “quintal dos EUA”.

Isso porque muitos dos países que hoje condenam os planos de intervenção de Trump já foram invadidos pelos EUA no passado. “Um histórico, por vezes repulsivo, de intervenções americanas ainda é vividamente lembrado na América Latina – mesmo tendo nós, americanos, esquecido”, disse ele, em entrevista ao New York Times.

Poucos creem que Trump de fato ordene um ataque à Venezuela, mas alguns analistas afirmam que independentemente disso, os danos à diplomacia americana na região já foram feitos. É o que afirma Riordan Roett, especialista em América Latina da Universidade Johns Hopkins. “Os comentários de Trump parecem, como de costume, ser uma explosão momentânea que não foi devidamente pensada”, disse Roett, também em entrevista ao “NYT”.

No entanto, Roett afirma que, embora vazia, a declaração do presidente americano foi um presente para os que apoiam o governo Maduro. “Ela coloca os EUA na posição de agressor, não muito diferente do belicismo da Coreia do Norte”, conclui o especialista.

Na segunda-feira, 14, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou um exercício militar das Forças Armadas venezuelanas em resposta às declarações de Trump. O exercício foi anunciado por Maduro diante de milhares de simpatizantes de seu governo, que participaram de um ato cujo lema foi “Fora da América Latina, Trump”.

Intitulado “Soberania Bolivariana 2017”, o exercício está marcado para os dias 26 e 27 deste mês. Segundo Maduro, a operação abrangerá “todas as cidades, povos, mares, rios, lagos, campos, bairros, baías e montanhas” da Venezuela.

“Este povo está decidido a enfrentar os extremistas, supremacistas e racistas dos Estados Unidos; e derrotá-los com a coragem, valentia, e força que nos fazem sermos orgulhoso de sermos venezuelanos”, disse Maduro.The New York Times

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