PESQUISA BRASIL

População brasileira tem medo de morrer assassinada

Pesquisados têm em comum a defesa por estratégias de prevenção (Foto: EBC)

O Brasil tem 25 das 50 cidades em que há mais homicídios no mundo e a maioria de sua população tem medo de ser assassinada. A constatação é da campanha Instituto de Vida – uma coalizão de mais de 40 organizações de países latino-americanos – cujo objetivo é buscar soluções para reduzir os homicídios pela metade em dez anos e mapear a percepção da violência no Brasil, Colômbia, El Salvador, Guatemala, México, Honduras e Venezuela, o cinturão mais letal em todo o planeta.

A pesquisa, feita pelo Latin American Public Opinion Project (Lapop), da Universidade de Vanderbilt, de outubro de 2016 a março de 2017, terá seus resultados apresentados durante o seminário “Como reduzir a violência letal na América Latina e Caribe”, na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington. A iniciativa tem dezenas de fundadores, associados e, como aliados, instituições como o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Organização dos Estados Americanos (OEA).

Para se ter uma ideia dos números preocupantes, a América Latina e o Caribe concentram apenas 8% da população global, mas respondem por mais de 33% dos homicídios no mundo. São, em média, 144 mil assassinatos por ano na região – quase 60 mil deles no Brasil. Em termos planetários, somente em 2012, foram assassinadas 437 mil pessoas no mundo. É escala de Grande Guerra.

A violência nas grandes cidades brasileiras

O Brasil (com 30,5 assassinatos para cada 100 mil habitantes) e a Venezuela (com taxa de 51,7) são os países que mais temem a violência, com, respectivamente, 42% e 47% das respostas positivas para a sensação de “muito medo” de morrer assassinado. Fortaleza, Natal, Salvador, João Pessoa, Maceió, São Luís, Cuiabá, Manaus, Belém e Feira de Santana (BA) estão no ranking das dez mais violentas do país em levantamento feito em 2016 pela revista Exame.

Quem se acostuma com violência tem menos medo de morrer. Curiosamente, populações expostas cronicamente à violência tendem a banalizá-la, revelando que nem sempre há relação direta entre altas taxas de homicídio e a sensação de medo. Entrevistados de El Salvador (com taxa recorde de 91,2) e Honduras (com taxa de 59,2), por exemplo, demonstraram temor menor que brasileiros e venezuelanos.

Apesar do cenário, a população da América Latina acredita que é possível alterá-lo. A maioria dos entrevistados declarou que os governos nacionais e os cidadãos deveriam tomar a frente pela redução dos homicídios. Os pesquisados têm em comum a defesa por estratégias de prevenção – especialmente educação e emprego – como fundamentais. Nos países com perfil mais repressor (como El Salvador e Honduras), foi detectado o interesse mais evidente por intervenções preventivas.

A campanha Instinto de Vida defende medidas de prevenção de homicídios, como intervenções em áreas de relevante mancha criminal, a regulação de armas e munições, bem como a prevenção da reincidência. Como estratégias eficazes de redução da violência estão o maior investimento para melhorar a situação de famílias instáveis, o estímulo ao interesse dos pais pelos filhos (parentalidade positiva), a redução da evasão escolar, a formação profissional e a absorção pelo mercado de trabalho dos jovens em situação de risco.Claudio Carneiro

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