SUBNUTRIÇÃO FOME NO MUNDO

Fome no mundo volta a crescer após uma década em declínio

Relatório indica que há 815 milhões de famintos no mundo (Foto: Wikipedia)

Depois de uma década em queda, a fome no mundo volta a crescer. Um relatório elaborado por cinco organismos da Organização das Nações Unidas (ONU) indicou que houve uma disparada no número de pessoas subnutridas no mundo, apontando a violência e as mudanças climáticas como os principais causadores desse aumento.

Os dados do relatório revelam que, em 2016, o número de subnutridos aumentou 38 milhões em relação ao ano anterior, alcançando 815 milhões de famintos, o equivalente a 11% da população mundial. Os números indicam ainda que a fome afeta 155 milhões de crianças que sofrem déficit de crescimento e que 52 milhões de crianças sofrem uma insuficiência de peso em relação a sua altura.

De acordo com a economista da Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) Cindy Holleman, 489 milhões (60% do total) dos afetados estão em países assolados por conflitos. “Na última década vimos um aumento significativo nos conflitos. Enxergamos que os conflitos somados às alterações climáticas têm um efeito significativo”, afirmou a economista.

De 2005 a 2013, o número de subnutridos no mundo vinha diminuindo continuamente, despencando de 926 milhões de famintos para 775 milhões. Em 2014 e 2015, o número teve um aumento tímido, chegando a 776 milhões e 777 milhões, respectivamente, embora a porcentagem equivalente à população mundial tenha se mantido em queda – 10,7% e 10,6%.

Os números preocupam a ONU, que pela primeira vez divulgou o informe após adotar como meta erradicar a fome no planeta até 2030. “Isso lança um alarme que não podemos ignorar: não acabaremos com a fome e outras formas de desnutrição até 2030, a menos que abordemos todos os fatores que prejudicam a segurança alimentar e a nutrição. Garantir sociedades pacíficas e inclusivas é uma condição necessária para esse fim”, disse o texto do relatório.

América do Sul e Brasil

Outro dado destacado pela ONU é que 520 milhões de pessoas sofrem fome na Ásia (o que corresponde a 11,7% da população do continente), 243 milhões na África (20%) e 42 milhões (6,6%) na América Latina e Caribe. Além disso, pelo terceiro ano consecutivo, a América do Sul registrou aumento no indicador, levantando preocupação da ONU.

Segundo José Graziano, diretor-geral da FAO e ex-ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome do governo Lula, o crescimento da fome na América do Sul é reflexo da “desaceleração do crescimento, do desemprego, da queda do salário mínimo e da deterioração das proteções sociais”. Graziano alerta que a fome poderá voltar a “locais onde estava erradicada”.

“A América Latina foi afetada pela queda nos preços de commodities, arrecadação e crescimento. É sintomático que o panorama mostre aumento de fome na América do Sul, que era a região que ia mais adiante no combate”, afirmou Graziano

No caso do Brasil, o relatório indica que a fome atingia cerca de 4,5% da população entre 2004 e 2006, cerca de 8 milhões de pessoas. Entre 2014 e 2016, essa taxa diminuiu para menos de 2,5%. Entretanto, um documento elaborado por 20 entidades nacionais e internacionais enviado à ONU há cerca de um mês alertou que existe o risco de que o país volte em 2017 a fazer parte do Mapa da Fome.

Food and Agriculture Organisation of the United Nations

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