MASSACRE EM MOGADÍSCIO

Ataque na Somália alerta para a resistência do al-Shabaab

De origem somali, o al-Shabaab tem ligações com a al-Qaeda (Foto: Twitter/Live From Mogadishu)

O massacre que abalou a capital somali Mogadíscio no último fim de semana alertou para a ameaça do grupo terrorista al-Shabaab. Embora não tenha assumido a autoria, o grupo é o principal suspeito de estar por trás da explosão de um caminhão-bomba em um bairro comercial da cidade no último sábado, 14. O ataque deixou pelo menos 300 mortos, mais de 200 feridos e cerca de 100 desaparecidos e já é considerado o pior da história da Somália.

O al-Shabaab, cujo nome significa a “a juventude”, é de origem somali e tem ligações com a al-Qaeda. O grupo promove atentados de guerrilha e operações suicidas. No ano passado, o grupo atacou um restaurante na costa da cidade de Mogadíscio. Terroristas armados invadiram o local com um carro carregado de explosivos. Depois, eles atiraram contra os clientes, deixando 20 mortos, incluindo crianças.

O grupo também atua no Quênia. Em 2013, por exemplo, terroristas do al-Shabaab invadiram o shopping de luxo Westgate, na capital queniana Nairóbi, fuzilaram clientes e detonaram granadas fazendo desabar três andares do prédio. Ao todo, 72 pessoas morreram no ataque.

Desde 2010, quando os EUA passaram a atacar as bases de comando do al-Shabaab, o grupo vem colecionando perdas de território e militantes. Seus membros, então, passaram a realizar ataques como uma forma de demonstrar força. Especialistas acreditam que o ataque ao Westgate, em 2013, foi uma forma desesperada do grupo de passar uma imagem de força e angariar novos membros. Os alvos eram os milhares somalis que vivem em Nairóbi. O grupo esperava que o ataque ao shopping desencadeasse uma onda de repressão contra os imigrantes somalis, que, revoltados, seriam alvos fáceis para a radicalização e para o recrutamento pelo grupo.

O al-Shabaab também costuma atacar forças apoiadas pelos Estados Unidos, como soldados da Missão da União Africana para a Somália (AMISOM), uma missão de paz no país que tem o apoio da União Africana e do Conselho de Segurança da ONU. Nos últimos anos, os ataques a soldados da missão aumentaram na mesma proporção que as perdas de territórios do al-Shabaab.

Segundo uma declaração dada na última segunda-feira, 16, pelo Pentágono, os EUA têm cerca de 400 soldados na Somália, metade deles em Mogadíscio. A missão das tropas é fornecer treinamento em operações militares e de inteligência para as forças somalis. Apesar dos avanços no combate ao grupo, o ataque do último fim de semana surpreendeu o Departamento de Estado americano ao mostrar que o grupo ainda é capaz de ataques de grandes proporções. “A magnitude desse ataque pegou todos de surpresa”, disse um funcionário do órgão, ao jornal Washington Post, em condição de anonimato. No entanto, a fonte disse que o episódio não muda o fato de que há progressos reais no combate ao al-Shabaab.

Em meio à discussão, os cidadãos de Mogadíscio tentam superar a tragédia e sonham com dias melhores. É o caso de Mohamed Hassan, um coveiro que trabalha no cemitério de Barakat, na periferia da capital. Em entrevista à rede Al Jazeera, Hassan afirmou nunca, nem mesmo durante a guerra civil do país, ter enterrado tantos corpos no mesmo dia, em alguns casos apenas partes de corpos.

“Meus colegas também disseram a mesma coisa. Não sei quantos eles enterraram, mas estamos trabalhando sem parar desde a noite de sábado. […] Quando se trabalha como coveiro, você pensa que já viu de tudo e que nada mais vai te incomodar. Mas falar sobre o que eu vi me traz lágrimas aos olhos, me deixa muito triste. Espero nunca ter de ver nada parecido com isso de novo”, disse Hassan.OPINIÃO

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