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Em meio a protestos contra e a favor, Judith Butler faz palestra em São Paulo

EFE/Fernando Bizerra Jr

A filósofa americana Judith Butler, um dos maiores expoentes do estudo da teoria de gênero, participou nesta terça-feira de um seminário no Sesc Pompeia, em São Paulo, em meio a manifestações de pessoas favoráveis e contrárias a presença dela.

A estudiosa participou do seminário internacional "Os Fins da Democracia", que debaterá de hoje até a próxima quinta o aumento de movimentos populistas e os desafios para a democracia liberal e suas formas institucionais básicas.

Mais cedo, aproximadamente, 100 pessoas se concentraram na entrada do centro cultural com cartazes com frases como "Não à ideologia de gênero" e "Meus filhos, minhas regras", além de gritos de "Fora Judith".

"Não queremos esse tipo de subversão da sociedade brasileira", disse Tamaios.

Outro grupo maior apoiou a presença da filósofa num evento que teve os ingressos esgotados e que ganhou proporções maiores por conta da campanha contra a sua vinda.

"É muito aterrorizante pensar que o texto de uma filósofa tenha repercussão negativa e gere um movimento contrário à sua chegada ao Brasil", afirmou à Efe Jaqueline Morais.

Por sua vez, o filósofo Vladimir Safatle, que participa do evento, disse que grupos contrários à sua colega têm envolvimento com os que protestaram pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

O evento, organizado pelo Convênio Internacional de Programas de Teoria Crítica da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e pelo Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, provocou nas últimas semanas fortes críticas de grupos religiosos e correntes ultraconservadoras, como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o CitizenGO.

Num abaixo-assinado online promovido pelo CitizenGO, mais de 360 mil pessoas afirmaram "Judith Butler não é bem-vinda no Brasil" porque tem "uma ideologia que mascara um objetivo político marxista".

Butler, de 61 anos, é um importante nome no mundo acadêmico e começou a se destacar nos anos 90, principalmente depois da publicação do livro "Problemas de Gênero. Feminismo e Subversão da Identidade".

Esta é a segunda vez e que ela vem ao Brasil. A primeira foi em 2015 e escritora passou com bem menos tumulto, mas não isenta de protestos. Desta vez, no entanto, ela não está em São Paulo para falar de gênero. A filósofa apresenta agora o livro "Caminhos Divergentes - Judaicidade e Crítica do Sionismo" no qual defende que criticar as políticas do Estado de Israel contra o povo palestino não é o mesmo que criticar o judaísmo.

Judith Butler foi criada em uma família judaica e introduzida ao mundo da filosofia por um rabino quando tinham 14 anos.EFE

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