CANADÁ EM MEIO A DESAFIOS

Canadá traça as bases para o uso recreativo da maconha

Províncias e o governo federal correm para traçar as leis que vão reger o consumo da erva (Foto: Flickr/Cannabis Culture)

O Canadá está a oito meses de se tornar o segundo país do mundo, após o Uruguai, a legalizar o uso recreativo da maconha. Porém, propor e aprovar a legalização do uso recreativo foi a parte fácil do processo do governo do primeiro-ministro Justin Trudeau, e muitos se perguntam se o país está, de fato, pronto para a iniciativa.

Agora, províncias e o governo federal correm para traçar as leis que vão reger o uso e o comércio da erva. Segundo o New York Times, apenas três das dez províncias canadenses – Alberta, Ontário e New Brunswick – traçaram, em linhas gerais, normas para o setor. As sete demais ainda estão em meio a consultas públicas.

Entre os pontos em aberto está o preço a ser cobrado pela maconha legal e o percentual de impostos sobre a venda. O governo federal não deseja repetir a experiência negativa do tabaco, cujos altos impostos cobrados para desestimular o consumo acabaram por estimular a venda no mercado ilegal.

Além disso, a maioria das províncias não determinou se a maconha será vendida apenas em estabelecimentos controlados pelo governo, onde será permitido o uso da erva ou a idade mínima para consumo.

Já a esfera federal ainda não explicou como irá lidar com os tratados internacionais que proíbem a comercialização da maconha após a legalização do uso recreativo entrar em vigor.

Forças de segurança do país, por sua vez, tentam determinar o limite de consumo permitido a motoristas e alertam que a legalização, por si só, não acabará com o tráfico ilegal da erva. Mario Harel, presidente da Associação Canadense de Chefes de Polícia, afirma não estar convencido de que o mercado ilegal irá desaparecer após a com a nova lei.

Para Harel, o mais provável é que o mercado ilegal passe a investir em alimentos feitos à base de maconha, algo que não é contemplado pela nova lei. “Nossa estimativa é de que (a venda ilegal de maconha) gera uma receita de 8 bilhões anuais”, diz Harel. Segundo ele, a legalização vai mudar a dinâmica no mercado paralelo, mas não o fará desaparecer.

Apesar de todos os desafios, há otimismo em relação à medida, especialmente após a experiência positiva de alguns estados americanos que aprovaram o uso recreativo da maconha.

Empresas que atualmente integram o setor de comércio de maconha para fins medicinais, que é permitido no Canadá, acreditam que a legalização será benéfica, mas que os efeitos não serão sentidos já de início.

“Os canadenses não devem cultivar a expectativa de que, já no primeiro dia, a venda legal vá suplantar os bilhões de dólares gerados pela cannabis que é consumida ilegalmente no país. Isso vai levar tempo, e eu acho que isso é bom”, diz John Fowler, chefe executivo da Supreme Pharmaceuticals, empresa que vende maconha para fins medicinais.

Mesmo em meio à incerteza, investidores apostam na receita que será gerada pela venda legal da maconha no Canadá. No mês passado, por exemplo, a Constellation Brands, uma grande empresa de distribuição de vinho e cerveja nos Estados Unidos, investiu US$ 245 milhões na Canopy Growth, que é dona de várias empresas de venda medicinal da erva no Canadá. A Canopy, assim como a Supreme Pharmaceuticals, espera ampliar as vendas coma a legalização do uso recreativo.New York Times

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