MÚSICA ELZA SOARES

A metamorfose de Elza Soares

Com sua voz rouca característica e a energia de sempre, embora precise ficar sentada durante os shows por causa de uma cirurgia na coluna (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A revista The Economist, uma publicação inglesa de notícias e assuntos internacionais, uma das mais conceituadas do mundo, dedicou um artigo em sua edição de 7 de novembro a Elza Soares e ao seu novo show “A Voz e a Máquina”, que estreou neste mesmo dia no teatro Cetip, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Nele, a revista descreve como a grande dama do samba do Brasil abriu o show com a leitura do poema de Martin Luther King “I Have a Dream” e, em seguida, cantou os sucessos de sua carreira e clássicos da música popular brasileira.

O artigo também relata a trajetória de vida de Elza Soares. Aos 80 anos, outros dizem que tem 85 anos, Elza ainda se reinventa. Seu mais recente álbum “A mulher do fim do mundo” é resultado de uma parceria com um grupo de jovens que faz música eletrônica em São Paulo. As letras das músicas falam de transexualidade, violência doméstica, racismo e aquecimento global, associando elementos do rock, punk, reggae e rap. O álbum ganhou o Grammy Latino e foi escolhido como um dos dez melhores discos de 2016 pelo New York Times. Elza Soares comemora seu sucesso no Brasil, Europa e nos EUA. No ano 2000, ganhou o prêmio “Cantora do Milênio” conferido pela Rádio BBC de Londres.

Nascida em uma área pobre do Rio de Janeiro, os pais obrigaram Elza a se casar aos 12 anos. Aos 13, já era mãe e quando ficou viúva com 21 anos tinha quatro filhos. Em 1953, como precisava de dinheiro, participou do programa de calouros de Ary Barroso na Rádio Tupi. Ao ver seu jeito humilde de falar e suas roupas simples, Ary Barroso perguntou: “De que planeta você veio?” “Do planeta fome”, respondeu. Sua apresentação ao vivo no auditório da emissora foi a primeira de sua longa carreira. Em 1959, lançou seu disco de estreia “Se acaso você chegasse”.

“Na década de 1960, ela era a melhor cantora de samba do Brasil”, disse Guga Stroeter, músico e produtor musical. Porém, a sociedade e a imprensa a hostilizaram, quando Elza começou um relacionamento com um dos melhores e mais populares jogadores brasileiros de futebol, Manuel Francisco dos Santos, o Garrincha, que se separou da esposa, ao se apaixonar por ela. Em 1977, Elza e Garrincha se separaram e, seis anos depois, ele morreu de cirrose e Elza se afastou da vida artística.

Mas o mundo dá voltas. Nos anos 1980, a convite de Caetano Veloso, Elza gravou a música “Língua” em dueto com ele. Pouco depois voltou com força total atuando em diversos shows, além de lançamentos de discos, como “Trajetória”, “Carioca da Gema” e “Voltei”.

Com sua icônica peruca roxa, a voz rouca característica e a energia de sempre, embora precise ficar sentada durante os shows por causa de uma cirurgia na coluna, Elza é um sucesso de público. O assento é um trono e ela fala como uma rainha para a plateia. “Eu sou Elza Soares. Eu criei meu estilo. Eu sou uma mulher, negra, guerreira, eu sou pop, rap, rock, MPB e samba. Clássica um dia, punk no outro. Eu sou uma metamorfose.”The Economist

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