RORAIMA REFUGIADOS

Abrigo para refugiados em Roraima quase lota em cinco dias

Ao todo, existem três abrigos, até o momento, em Roraima para receber refugiados venezuelanos (Foto:Alberto César Araújo/Amazônia Rea)

Desde 2016, o estado de Roraima tem sido uma rota de fuga para os venezuelanos que fogem da fome e do desemprego do governo de Nicolás Maduro, na Venezuela. Tanto que, em apenas cinco dias de funcionamento, um novo abrigo construído em Pacaraima (RR) já atingiu 87% da sua capacidade máxima, com 174 pessoas ocupando um o espaço que comporta até 200 pessoas.

A maioria dos ocupantes do espaço são os índios da etnia warao. O abrigo de Pacaraima, que fica perto da fronteira entre Brasil e Venezuela, foi inaugurado oficialmente na última terça-feira, 7, – apesar de já estar funcionando desde a última quinta-feira, 3, – e é o terceiro inaugurado em Roraima, com os outros dois ficando em Boa Vista. Juntos, os locais têm capacidade de receber até 1.190 imigrantes venezuelanos.

A inauguração oficial do abrigo contou com a visita do chefe de Operações Globais da Acnur, George Okoth Obbo, que, após visitar a fronteira da Venezuela com a Colômbia e Trindade Tobago, analisou alguns pontos e afirmou que a Acnur traçará novas metas.

“Existem muitos desafios para serem analisados, como, por exemplo, abrigos, comida e saúde. Dois dos mais importantes são educação para as crianças e proteção particularmente para mulheres. Estamos avaliando com nossos times, com parceiros e com o governo como podemos tratar desses problemas juntos e de forma mais eficaz”, explicou Obbo.

Em 2015, os venezuelanos começaram a enxergar em Roraima uma saída segura para a crise da Venezuela. Tanto que, apenas naquele ano, 230 pedidos de refúgio foram recebidos no estado. Enquanto isso, em 2016, esse número subiu para 2.230. No entanto, mesmo somados, os números anteriores não chegam nem a metade do que já foi registrado esse ano: 12.193 somente no estado de Roraima.

No entanto, o governo de Roraima acredita que 30 mil venezuelanos entraram em Roraima desde 2016. De acordo com a Polícia Federal, a maior parte dos venezuelanos que entra no estado é de Caracas, com mais de 58% sendo homens entre 22 e 25 anos. Já pelo lado profissional, 17,93% dos imigrantes venezuelanos são estudantes, seguidos por economistas (7,83%), engenheiros (6,21%) e médicos (4,83%).

Segundo o Ministério do Trabalho de Roraima (MTE-RR), nos últimos sete meses, quase três mil carteiras de trabalho foram impressas para cidadãos venezuelanos. Enquanto isso, 257 documentos foram emitidos em 2015 e 1.331 foram entregues aos imigrantes em 2016.

Uma das imigrantes, Adriana Lira, de 23 anos, juntamente com seus três filhos pequenos, são alguns dos venezuelanos que estão no novo abrigo de Pacaraima. Há quatro meses no Brasil, Adriana revelou que estava na rua antes de se mudar para o novo espaço e celebrou o fato de agora estarem protegidos das condições precárias da Venezuela, assim como do clima chuvoso.

“Viemos porque na Venezuela não tinha comida, remédios, não era seguro. Se estivéssemos na rua as crianças estariam na chuva. Aqui estamos melhor que na Venezuela. Nossos filhos estão se alimentando bem e podemos ir ao posto de saúde”, destacou a venezuelana.

Abrigo de Pacaraima

O novo abrigo, que antes era um galpão, foi construído pela prefeitura de Pacaraima com auxílio do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), de ONGs e do governo do estado de Roraima. No momento, o local conta com um redário, cinco barracas na área externa, uma cozinha improvisada e banheiros, além de dois espaços para atendimento de saúde. Ademais, de acordo com o prefeito da cidade, Juliano Torquato, ainda estão em construção uma cozinha, um refeitório e uma parte administrativa.

“Do lado de fora está sendo montada uma área com banheiro, lavatório de roupas e uma parte para instalar mais barracas”, explicou Torquato. Ademais, o prefeito esclareceu que o novo abrigo só receberá venezuelanos indígenas, enquanto os outros seguirão para Boa Vista ou Manaus.

Além disso, as mulheres, juntamente com as crianças, ficam na parte interna do abrigo, enquanto os homens solteiros ficam na parte externa, nas barracas.

Já financeiramente o abrigo está sendo mantido com recursos das ONGs, como a Fraternidade, de responsabilidade do irmão Imer. Porém, tratando-se de alimentação e infraestrutura, o prefeito já enviou um planejamento para o governo federal e aguarda uma resposta no início de 2018.

Abrigo de Pintolândia

Em dezembro de 2016, o abrigo de Pintolândia, que antes era um ginásio, na zona oeste de Boa Vista, foi o primeiro a ser inaugurado e receber os refugiados. O local, com capacidade para 540 pessoas, conta com 443 indígenas venezuelanos das etnias warao, pemon e panare.

Abrigo de Tancredo Neves

Há um mês, em outubro, foi inaugurado o segundo abrigo de Roraima em um ginásio, no bairro de Tancredo Neves, também em Boa Vista. O local, que tem capacidade para até 450 pessoas, conta atualmente com 404 venezuelanos não indígenas.G1

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