EDUCAÇÃO NA ÍNDIA

Indianas optam por segurança em detrimento do ensino

Indianas preferem passar mais tempo e gastar mais dinheiro no transporte para evitar o assédio (Foto: Pixabay)

A economista Girija Borker resolver pesquisar o motivo pelo qual mulheres de Nova Déli, capital da Índia, estão escolhendo faculdades com nível de ensino mais baixo, apesar de terem notas altas o suficiente para serem aceitas em instituições renomadas. O resultado da pesquisa é mais uma prova de que a cidade está longe de ser um lugar inclusivo.

Segundo o estudo, as estudantes fazem a escolha para evitar possíveis agressores sexuais. A decisão de qual faculdade cursar é tomada após a análise de qual caminho é mais seguro. Enquanto isso, os homens mal levam o quesito segurança da rota em consideração na hora de escolher uma instituição.

Além disso, as mulheres preferem passar mais tempo e gastar mais dinheiro no transporte para evitar o assédio. Elas podem até mesmo gastar mais com o transporte do que com o próprio estudo.

A pesquisa analisou 2.700 estudantes da Universidade de Déli, que não moram no campus e precisam fazer o trajeto casa-universidade todos os dias. O ônibus é o meio de transporte mais impopular entre as mulheres, ao mesmo tempo em que é o preferido dos homens.

A capital, conhecida por ser insegura para as mulheres, teve um caso brutal dentro de um ônibus em 2012. Uma estudante de fisioterapia de 23 anos foi vítima de um estupro coletivo. Apesar da repercussão internacional e de tantas manifestações na cidade, pouco mudou desde então. Cinco anos após o caso, Nova Déli continua sendo a quarta pior cidade do mundo para mulheres usarem o transporte público. Diariamente, a polícia de Nova Déli registra uma média de 50 crimes contra a mulher. Destes, pelo menos quatro são estupros.

Borker usou dados da localização das estudantes analisadas e das possíveis rotas que elas poderiam fazer. A partir do Google Maps, ela desenvolveu um algoritmo para gerar até 12 possíveis rotas para cada faculdade. Ela então deu notas para as rotas a partir dos aplicativos Safetipin e Safecity. Segundo a análise, homens que têm notas altas vão para escolas melhores, mas as mulheres que têm notas altas preferem escolher instituições que tenham uma rota mais segura.

A pesquisa ainda sugere que o problema é provavelmente pior, porque Borker só pôde levar em consideração as mulheres que vão para faculdade. No entanto, há muitas que não têm permissão para isso ou preferem não ir por questões de segurança.Quartz

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