DISPUTA PELA DOMINÂNCIA

Tecnologia é o novo front entre EUA e China

Governo americano busca formas de manter sua hegemonia no setor tecnológico (Foto: idgconnect)

“Criado pela Apple, fabricado na China”. Por mais de uma década a frase que estampa a parte traseira de iPhones foi um exemplo da barganha tecnológica entre as duas maiores potências econômicas do mundo: os EUA fornecem o conhecimento; a China a mão de obra.

Não mais. As gigantes tecnológicas chinesas de excelência global Alibaba e Tencent hoje têm um valor de mercado em torno dos US$ 500 bilhões, o que rivaliza com as principais empresas do setor americanas, como Facebook. A China representa o maior mercado de pagamentos online do mundo. Os produtos tecnológicos da China são exportados para todo o globo e o país está desenvolvendo o computador quântico mais potente do mundo.

E não para por aí. Em 2020, o sistema de navegação chinês Beidou terá um alcance global capaz de competir com seu rival americano, o GPS. O feito será consolidado graças ao lançamento de 35 satélites do Beidou, em março do ano passado, capazes de formar uma rede orbital de satélites.

O governo americano está exasperado. Uma investigação em curso nos EUA deve concluir que o roubo de propriedade intelectual americana promovido pela China custou às empresas do país um prejuízo de cerca de US$ 1 trilhão, o que deve acarretar em sobretaxas a produtos chineses.

Em novembro do ano passado, Eric Schmidt, ex-presidente da Alphabet (dona da Google), previu que, até 2025, a China vai suplantar os EUA em Inteligência artificial. No início deste ano, o Congresso dos EUA apresentou uma lei para proibir o governo de fazer negócios com duas empresas de telecomunicações chinesas, a Huawei e a ZTE. E esta semana, o presidente americano, Donald Trump, bloqueou abruptamente a negociação de venda da fabricante de microchips americana Qualcomm para a Broadcom, afirmando receio de que a China domine o desenvolvimento do 5G.

Não há dúvidas de que a tecnologia é mais um front de disputa entre EUA e China. A questão é como os EUA responderão ao avanço chinês no setor. O mais importante é lembrar como os EUA conseguiram suplantar a União Soviética (URSS) nesse mesmo quesito nos anos 1950 e 1960. Na época, programas governamentais voltados para superar a URSS na corrida espacial e armamentista incentivaram investimentos em educação, pesquisas e engenharia em uma ampla gama de tecnologias. Foi esse impulso que possibilitou a existência do Vale do Silício.

Hoje, décadas após o fim da Guerra Fria, os EUA necessitam da mesma combinação de investimento público e iniciativa privada para implementar um projeto nacional capaz de impedir que o país perca para a China a batalha pela hegemonia tecnológica.The Economist

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