LONGEVIDADE HONG KONG

População urbana de Hong Kong lidera expectativa mundial de vida

A região de Hong Kong conta com aproximadamente 7 milhões de habitantes (Foto: PxHere)

Hong Kong é o local com a maior expectativa de vida do mundo. A afirmação foi detalhada em um estudo liderado por Timothy Kwok, professor de medicina geriátrica na Universidade Chinesa de Hong Kong. Enquanto os homens vivem, em média, 81,3 anos, as mulheres vivem cerca de 87,3 anos.

A região de Hong Kong conta com aproximadamente 7 milhões de habitantes espalhados em um terreno de cerca de 1.087,8 quilômetros quadrados. Como não é um país, a localidade não está incluída no Índice Global AgeWatch, da HelpAge International, que avalia o bem-estar social e econômico em 96 países.

Para chegar a esse resultado, a equipe do professor Kwok usou os mesmos parâmetros que os pesquisadores da AgeWatch usam em seus trabalhos. Além disso, os cientistas responsáveis pelo estudo ainda avaliaram outros fatores para descobrir os segredos da longevidade dos habitantes.

Porém, os pesquisadores explicam que Hong Kong nem sempre liderou os índices globais de longevidade humana. “Nós ultrapassamos o Japão há cerca de cinco anos. Não é uma posição em que nos encontramos por décadas”, destacou Gabriel Leung, decano da Universidade de Hong Kong.

Fácil acesso

Segundo o estudo, um dos principais fatores que auxiliam na longevidade da população de Hong Kong é a facilidade para se ter acesso a qualquer coisa. Os transportes públicos funcionam eficientemente, enquanto alimentos saudáveis e comodidades públicas estão disponíveis em todos os lugares. “Isso pode explicar nossa longevidade”, afirma Kwok.

Os metrôs, que tem ar-condicionado, custam apenas 60 centavos de dólar. As rotas para caminhada são limpas em ruas seguras. Os táxis estão disponíveis a todo momento, reduzindo a vontade dos habitantes dirigirem. “Você pode facilmente caminhar até suas lojas mais próximas ou centro comercial. As pessoas mais velhas, especialmente, não vão ao supermercado, vão aos mercados abertos”, explicou Kwok.

Muito verde

Segundo o líder do estudo, Hong Kong conta com mais áreas verdes do que a maioria das cidades mundiais. Além disso, explica o pesquisador, é comum ver idosos se exercitando ou praticando Tai Chi – arte marcial – ou Qi Gong – exercício de cultivo de energia – antes ou depois de dividirem refeições e conversarem ao ar livre.

“Os exercícios da manhã de Tai Chi são muito populares e desempenham um papel”, aponta Leung, que tem a afirmação reforçada por John Beard, diretor do departamento de envelhecimento e curso de vida da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Precisamos projetar espaços urbanos para facilitar esse tipo de atividade”.

De acordo com Beard, boa parte dos distritos de Hong Kong são membros da rede global da OMS de cidades amigas da idade, incentivando a criação de centros para apoio a pessoas mais velhas. Uma iniciativa do governo de Hong Kong, com o objetivo de deixar a localidade ainda mais acessível, convidou os idosos a apontarem as barreiras à mobilidade que encontrassem na região.

Auxílio à saúde

“Quando você está doente, realmente doente, e precisa ser hospitalizado, é gratuito no ponto de atendimento, pago por tributação. Ninguém teria assistência médica adequada negada devido à falta de meios”, destacou Leung.

Em Hong Kong, normalmente as pessoas mais velhas não pagam nem mesmo pelos cuidados médicos primários e recebem prioridade no atendimento. Para Beard, o acesso aos cuidados à saúde contribuem para a longevidade dos habitantes de Hong Kong.

“É importante que o acesso seja para todos, não apenas para os ricos. É aí que a expectativa de vida média aumentará, pois você não terá essas pessoas no fundo que influenciam a média de maneira negativa”, apontou Beard.

De acordo com Leung, Hong Kong também conta com bom atendimento para mulheres grávidas e crianças recém-nascidas, além de programas de incentivo a cuidados básicos da saúde, prevenindo doenças cardíacas e acidente vascular cerebral.

Psicologicamente fortes

Segundo Leung, 70% dos habitantes de Hong Kong com mais de 70 anos migraram da China para buscar melhores oportunidades de vida. A força e determinação para mudar de local somada à atenção aos cuidados às crianças foram fatores que levaram ao “milagre de expectativa de vida”.

“Muitos deles vieram como migrantes econômicos… e eram quase triatletas. Eles escalaram, correram e nadaram. Fisicamente, você precisa estar apto a aguentar a jornada. Estas são as pessoas que estão destinadas a correr o maior risco de morrer agora”, afirmou Leung.

Bom clima

Para Kwok, Hong Kong está bem localizada geograficamente, com um bom clima subtropical, permitindo que a vida se torne mais confortável. “Não é muito quente e não é muito frio”.

Em outros países, como o Reino Unido e os Estados Unidos, ocorrem mais mortes durante o clima frio. No Reino Unido, entre 2016 e 2017, foram registradas 34.300 mortes no inverno, enquanto, na mesma estação, em 2008, nos Estados Unidos, foram contabilizados 108.500 óbitos.

“O Japão tem um clima muito diferente do que Hong Kong, e Cingapura tem um clima muito diferente para o Japão. Somos subtropicais, Cingapura é tropical e o Japão está temperado”, apontou Leung, lembrando que outras localidades com temperaturas mais quentes também são reconhecidas pela longevidade de seus habitantes.

Alimentação saudável

Os habitantes de Hong Kong também contam com acesso a alimentação saudável, como peixes frescos, frutas e vegetais, que consistem a base da dieta da população, assim como arroz, óleos de nozes e carne picada.

No entanto, Beard fez um alerta neste aspecto, destacando que as pessoas sempre comeram dessa forma, não tendo motivos claros para isso ser um fator da extensão recente da longevidade na localidade.

Valores familiares

Os asiáticos são reconhecidos por serem próximos à família em todas as gerações, com os mais velhos dando todo o apoio e base para que os mais jovens se desenvolvam da melhor forma possível.

Para Beard, o fato dos asiáticos terem grande respeito pelos membros mais velhos da família também auxilia para que os idosos vivam mais, visto que permanecem felizes e fortes fisicamente e psicologicamente. “As pessoas idosas são genuinamente respeitadas e os membros mais jovens da família enfatizam o bem-estar dos membros mais velhos da família”, exaltou.

Diferentes fatores

Mesmo com os bons resultados em taxa de longevidade, os pesquisadores não escondem que Hong Kong pode melhorar ainda mais. Em 2014, das 937 pessoas que cometeram suicídio, 241 tinham mais que 65 anos, de acordo com os dados do Centro HKJC de Pesquisa e Prevenção de Suicídio da Universidade de Hong Kong.

Isso mostra que a região ainda precisa melhorar nos cuidados à saúde mental, o que não é o ponto forte de Hong Kong quando se trata de idosos, segundo Kwok. “Queremos que as pessoas vivam felizes por mais tempo”.

Dessa forma, os pesquisadores têm consciência de que a expectativa de vida muda com certa frequência com o passar dos anos, visto que a longevidade diminuiu nos Estados Unidos nos últimos tempos. Além disso, Hong Kong divide o topo com países como Japão, Alemanha, Itália e Austrália.

Entre todos os fatos citados pelos pesquisadores, não se sabe ao certo qual é o que conta com maior influência para que os habitantes de Hong Kong vivam mais do que em outros lugares do mundo. Dessa forma, os estudiosos vão aprofundar ainda mais a pesquisa para tentar determinar os principais fatores que aumentam a longevidade da população local.CNN

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