CENTURY FOX

Quem ficará com a 21st Century Fox?

Em dezembro, a Disney fez uma oferta de US$ 52,4 bilhões para a compra de ativos da 21st Century Fox (Foto: Wikimedia)

A Justiça norte-americana aprovou, em 12 de junho, a compra da Time Warner pela AT&T no valor de US$ 85,4 bilhões. Essa decisão abre caminho para uma série de fusões e aquisições entre operadoras de telecomunicações e empresas de produção de conteúdo de cinema e TV, com o objetivo de competir com plataformas como a Netflix, a Amazon e o YouTube.

Esse cenário competitivo ajuda a definir a disputa entre a Comcast e a The Walt Disney Company pela compra da 21st Century Fox.

Em dezembro, a Disney fez uma oferta de US$ 52,4 bilhões para a compra de ativos da 21st Century Fox. Em seguida à aprovação da compra da Time Warner, a Comcast oficializou sua proposta de compra de ativos da Fox, com uma oferta de US$ 65 bilhões. Logo depois, as ações da Fox subiram 7%, enquanto o preço das ações da Comcast caiu 3% e o da Disney teve um aumento de 1%.

O confronto tem como principais protagonistas na disputa feroz de compra de uma parte significativa do império de mídia de Rupert Murdoch, o executivo-chefe da Comcast, Brian L. Roberts, e o CEO da Disney, Robert A. Iger.

A Comcast, que já é dona da NBCUniversal, ofereceu, além da proposta de US$ 65 bilhões em dinheiro, garantias contratuais que a Fox receberia uma taxa de rescisão reversa no valor de US$ 2,5 bilhões, no caso de impedimento da compra pelo governo.

Em novembro, Roberts visitou Robert Murdoch em sua propriedade em Bel Air, Los Angeles. Lá, entre taças de vinho produzido nos vinhedos da propriedade, Roberts mencionou a possibilidade de Murdoch aceitar a proposta da Comcast. Murdoch disse que as negociações com a Disney já haviam começado, mas que discutiria o interesse da Comcast pela compra da Fox em reunião do Conselho de Administração da empresa.

As empresas que Murdoch concordou em vender incluem os estúdios de TV e filmes da 20th Century Fox, diversas redes esportivas regionais como o canal YES dos Yankees, 30% da participação acionária no serviço de streaming Hulu e de 39% na empresa britânica de TV por assinatura Sky. A compra não incluiria a Fox News, a Fox broadcast network, a Fox Business Network e o canal de esportes FSI.

Como a oferta da Disney baseia-se em ações, Murdoch está apostando no aumento do valor de mercado da Fox ao longo do tempo. A proposta em dinheiro da Comcast, por sua vez, significaria um impacto fiscal imediato.

Ainda assim, o filho de Murdoch, James, CEO da 21st Century Fox, disse a analistas em maio que os principais executivos da empresa estavam examinando todas as propostas apresentadas. Segundo os planos,James Murdoch se afastaria da empresa se a transação com a Disney fosse concluída.

Os dois executivos envolvidos nas discussões são negociadores extremamente experientes. Roberts dedica grande parte do seu tempo à análise de possíveis fusões e aquisições. Ele foi bem-sucedido na operação de controle da NBCUniversal em 2011. Em 2014, fez uma proposta de compra da Time Warner Cable, mas desistiu ao saber que o Departamento de Justiça não pretendia aprovar o acordo.

Como CEO da Disney, Iger concluiu diversas aquisições importantes, entre as quais as da Pixar Studios, da Lucasfilm e da Marvel Entertainment, embora tenham sido transações privadas que não exigiram a aprovação do governo.

Porém, a decisão de compra da Fox vai além de termos financeiros e habilidade nas negociações. O assunto envolve questões regulatórias e de controle do monopólio de mídia por parte do governo dos EUA. É uma briga complexa.

Mas a vitória da AT&T mostra o caminho da sobrevivência das empresas de mídia, que têm sofrido uma forte concorrência das plataformas digitais. A redução no número de usuários de TV por assinatura enfraqueceu o poder das empresas antes consideradas invencíveis. A ESPN, de propriedade da Disney, teve uma queda significativa de audiência, com a migração de espectadores mais jovens para plataformas como Facebook, Instagram e YouTube.The New York Times

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