MERCADO LEGAL

Canadá se prepara para venda recreativa da maconha

Atualmente, o uso medicinal da erva já é legalizado no país (Foto: Flickr/Brett Levin)

Quando a empresa canadense Canopy Growth inaugurou sua primeira fábrica de produção de maconha em uma instalação perto da capital Ottawa, onde antes funcionava uma fábrica de chocolates, previu um futuro de sucesso para a companhia.

O que a empresa não previu foi o repentino fluxo de visitantes estrangeiros à fábrica. Um grande fluxo de políticos e agentes policiais da Jamaica, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Grécia e Austrália, bem como agentes da área de saúde da Nova Zelândia, Brasil e Chile, vem visitando a fábrica, às vezes em números tão grandes que é preciso dividi-los em grupos.

O fluxo repentino é reflexo da expectativa em torno da Lei C-45. Prevista para ser ratificada na próxima semana pelo Senado, ela fará do Canadá, onde o uso medicinal da maconha já é legalizado, o primeiro país do G20 a legalizar o uso recreativo da maconha.

Para Benedikt Fischer, especialista em estudos sobre drogas do Centro de Dependência e Saúde Mental da Universidade de Toronto, embora o Uruguai tenha sido pioneiro global na legalização recreativa, a ratificação da lei no Canadá dará projeção global ao tema, uma vez que se trata do primeiro país rico a liberar totalmente o uso.

“Vai ser como uma experiência de ficção científica por um tempo. É algo único no mundo, porque está acontecendo pela primeira vez em um país rico. Não é como nos EUA, onde há esses experimentos em estados. A maioria das pessoas ignora o que acontece no Uruguai. Logo, o mundo está acompanhando isso de perto”, disse Fischer.

A legalização também é acompanhada por governos, já que não se sabe ao certo como a ação canadense afetará a relação com parceiros do país em segurança, saúde e diversos outros setores.

Cada província canadense tem planos diferentes para o novo mercado legalizado. Porém, um dos pontos mais delicados para o governo canadense é definir que tipo de preço será adequado para erradicar as vendas ilegais. A proposta é que seja comercializada por um valor baixo, mas não o bastante para atrair novos usuários. Outro ponto discutido é a migração de vendedores ilegais para o mercado legal, o que segundo criminologistas, do país seria um sinal de sucesso.

Cada país ao redor do mundo que já debateu o relaxamento das leis de combate à maconha teve suas próprias prioridades em mente: desde a geração de receita até o combate a cartéis de drogas. No Canadá, a ênfase é na saúde pública.

A maconha será comercializada em pequenos e simples pacotes, que normalmente serão vendidos em conselhos controlados pelo Estado, que já controla a venda de licores.

“Não será como comprar uma Budweiser ou outro produto alcoólico de marca. Será mais parecido com a compra de medicamentos de um químico”, disse Steve Rolles, da Transform, um centro britânico de estudos sobre drogas.The Guardian

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