Os tupiniquins do Estado Islâmico

Ahmed (primeiro à esquerda) e Vitor (primeiro à direita) com a bandeira do Estado Islâmico (Foto: Facebook/Reprodução)

Um dia após a Polícia Federal prender dez brasileiros suspeitos de realizar atos preparatórios para um atentado terrorista durante as Olimpíadas do Rio, começam a surgir as primeiras informações sobre essa suposta célula terrorista tupiniquim. Já se sabe o nome de todos os suspeitos presos e que nenhum deles descendência árabe, embora usassem nomes árabes nos aplicativos de mensagem por celular.

Um dos presos chama-se Antonio (Ahmed) Andrade dos Santos Júnior, de 34 anos. Batizado cristão, ele, que se considerava ateu, em certo momento adotou a religião islâmica e se radicalizou pela internet, chegando a ser expulso de uma sala de oração para muçulmanos em João Pessoa, na Paraíba, por apologia ao radicalismo e ao Estado Islâmico.

Ele é casado há dois anos com uma brasileira também convertida ao Islã que tinha, como ele, problemas com a família por suas ideias radicais. O casal tem um menino de nove meses.Ahmed frequentava a sala de orações da Associação Beneficente Esportiva Muçulmana

Mesquita’a Brothers, que funciona dentro de uma academia de boxe na periferia de João Pessoa, onde chegou a treinar e competir. Foi expulso pelo dono da academia, o ex-campeão de boxe Muhammad al Mesquita, depois que começou a seguir muçulmanos radicais na internet e ler textos extremistas.

Ele passou a frequentar o Centro Islâmico de João Pessoa, fundado por João (de Deus) Cabral, ex-pastor evangélico que adotou o Islã em 2008 e hoje vive em Dubai. Ahmed fazia bicos em João Pessoa e nunca teve emprego fixo. Chegou a ter sua página no Facebook bloqueada algumas vezes por incitação à violência.

Ele conhecia pessoalmente outro suspeito preso na Operação Hashtag da Polícia Federal na quinta-feira, 21, o paulista Vitor Barbosa Magalhães, de 23 anos. Os dois viajaram juntos para o Cairo, Egito, entre 2013 e 2014 e foram fotografados ao lado de uma bandeira negra do Estado Islâmico. Eles passaram seis meses estudando religião e árabe em uma universidade particular do Cairo.

Vitor, ajudante de funileiro na oficina do pai, é casado e mora em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, com mulher e dois filhos de 2 e 5 anos. Sua família acredita que a polícia o prendeu por ser muçulmano e falar árabe. Vitor tem quatro vídeos no Youtube em que ensina o idioma árabe. A família é católica, mas Vitor se converteu ao Islã depois do contato com a língua, que se dedicou a aprender ainda na adolescência. Ele tinha 19 anos quando fez o intercâmbio de seis meses para o Egito. A família diz que ele sempre foi curioso e buscou conhecer novas culturas. Segundo a mulher, a vontade dele era ensinar idiomas.

A família reconhece que Vitor procurava na internet manter contato com outros falantes de árabe. Ele fazia parte de grupos para falar árabe. Segundo a revista Veja, além de Ahmed e Vitor, outras 12 pessoas foram alvo da Operação Hashtag. São eles: Alisson Luan de Oliveira, Daniel Freitas Baltazar (Caio Pereira), Hortencio Yoshitake (Teo Yoshi), Israel Pedra Mesquita, Leandro França de Oliveira, Leonid El Kadri de Melo (Abu Khalled), Levi Ribeiro Fernandes de Jesus (Muhammad Ali Huraia), Marco Mario Duarte (Zaid Duarte), Matheus Barbosa e Silva (Ismail Abdul-Jabbar Al-Brazili), Mohamad Mounir Zakaria (Zakaria Mounir), Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo (Ali Lundi), Valdir Pereira da Rocha (Valdir Mahmoud). Segundo a revista, além dos dez presos, dois foram conduzidos coercitivamente para depor e outros dois estão foragidos.

Os dez presos foram levados nesta sexta-feira, 22, para uma prisão de segurança máxima em Campo Grande, a mesma onde está o traficante Fernandinho Beira-Mar.ESTADÃO

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