ÁRVORE MAIS SOLITÁRIA DO MUNDO

As espécies sul-africanas são cobiçadas pelos ladrões (Foto: Pixabay)

A cica é uma árvore exótica, alta, com folhas longas e brilhantes que se dobram nas pontas e tronco alaranjado. Mas, apesar de sua imponência, nunca encontrará um parceiro. “Esta é a árvore mais solitária do mundo”, diz um guia dirigindo-se aos visitantes sentados em um carrinho de golfe no Jardim Botânico de Durban. A sensação de isolamento acentua-se com a visão das câmeras de segurança que a rodeiam.

A cica, que se assemelha a uma palmeira, é uma planta de origem pré-histórica, com crescimento lento. Encontrada pela primeira vez em uma floresta de Zululândia em 1895 é uma das espécies mais ameaçadas do mundo, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.

Apesar das leis que regulam seu comércio, as espécies sul-africanas são cobiçadas pelos ladrões e colecionadores que querem ter variedades exóticas de plantas em seus jardins. As cicas que podem chegar a 100 anos são vendidas por milhares de dólares. “É um símbolo de status”, disse Phakamani Xaba, um especialista em botânica do Instituto Nacional de Biodiversidade da África do Sul.

Ao contrário de outras espécies ameaçadas de extinção, como os rinocerontes, a ameaça que paira sobre as cicas atrai pouca atenção da mídia. Mas das 38 espécies da África do Sul, 25 estão ameaçadas de extinção e duas foram extintas em 2003. Com a diminuição das espécies selvagens, os ladrões estão roubando cicas em jardins e reservas florestais. Em 2014, 24 espécies raras foram roubadas do Jardim Botânico Nacional de Kirstenbosch na Cidade do Cabo.

A fim de evitar o roubo em alguns lugares as árvores são protegidas com chips em seu tronco, mas os ladrões conseguem descobri-los com scanners de raios X. Outro recurso utilizado é a pulverização com tinta microdot, que indica a origem da árvore. Pesquisadores da Universidade de Kent estão testando um sistema de identificação por radiofrequência com etiquetas que acionam alarmes.

É difícil distinguir o tronco de uma espécie ameaçada de extinção de espécies que podem ser vendidas e, por isso, o comércio ilegal foge ao controle das autoridades. O DNA Barcoding, um banco de dados com um código de barras criado a partir de um segmento de uma cadeia de DNA, tem ajudado a identificar as espécies. Porém, segundo Xaba, é tarde demais para salvar algumas espécies mais raras ambicionadas pelos colecionadores. “No fundo, é uma questão de satisfazer o ego”, acrescentou.The Economist

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