EUROPA ITÁLIA

Itália sofre declínio populacional sem precedentes

De 2014 a 2018, a população diminuiu em 677.000 pessoas (Foto: PxHere)

A Itália enfrenta uma crise sem precedentes de declínio populacional. Muitas cidades estão sob o risco de extinção nas próximas décadas. Pela primeira vez em 90 anos, a população italiana caiu para cerca de 55 milhões, segundo a Agência Nacional de Estatísticas (ISTAT). De 2014 a 2018, a população diminuiu em 677 mil pessoas.

Dois fatores estão por trás do declínio, segundo os especialistas: uma diminuição dos nascimentos, que está em baixa desde a unificação da Itália, e um aumento na emigração de jovens para outros países europeus em busca de oportunidades de emprego.

Segundo a ISTAT, cerca de 157 mil pessoas deixaram o país em 2018. A Organização das Nações Unidas (ONU) relata que a Itália é a única grande economia europeia com uma população declinando ainda mais nos próximos cinco anos. Ela ocupa o segundo lugar – atrás apenas do Japão – em termos de ter a maior parcela de idosos, com uma estimativa de 168,7 pessoas acima de 65 para cada 100 jovens.

A maioria das pessoas que vive em Acquaviva Platani, por exemplo, tem mais de 60 anos e o número de mortes varia entre 20 e 30 por ano. Enquanto isso, os sinos que anunciam o nascimento de uma criança tocam apenas uma vez ou, no máximo, três vezes por ano. Economistas advertem que a população encolhida da Itália poderia arrastar o país para uma profunda crise econômica, desencadeando um ciclo vicioso: a crise econômica agrava o declínio da população, o que, por sua vez, leva a mais turbulência econômica.

Acquaviva chegou a um beco sem saída. Na década de 1950, esta cidade tinha quase 3.700 habitantes. Alguns trabalhavam no campo, enquanto o restante trabalhava nas minas de sal da província de Caltanissetta. Em outras áreas rurais da Sicília, o declínio começou com a industrialização do setor agrícola. As minas de sal também foram fechadas, substituídas pela produção de sal marinho, muito mais fácil de obter e menos dispendioso. As pessoas começaram a emigrar para as fábricas da Inglaterra, Bélgica, França e Alemanha. E Acquaviva lentamente começou a esvaziar.

Na tentativa de ressuscitar as cidades, vários prefeitos adotaram uma estratégia que se tornou moda no sul: vender ou praticamente doar casas abandonadas para qualquer pessoa que queira se mudar. O preço simbólico de uma casa: um euro. Outras cidades, como Sutera, na província de Caltanissetta, abriram as portas de suas casas vazias para os requerentes de asilo que cruzaram o Mediterrâneo vindos da Líbia.

Todas, com exceção de algumas centenas de pessoas, haviam se mudado de Sutera para encontrar trabalho em outros países europeus, deixando para trás casas vazias. Agora há uma chance de repovoar a cidade com migrantes.The Guardian

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