RELATÓRIO DA ONU

África irá impulsionar a população mundial até 2050

Nigéria deve ultrapassar os EUA como o terceiro país mais habitado do mundo em 2050 (Foto: Max Pixel)

A população da África Subsaariana deverá dobrar nos próximos 30 anos, adicionando mais 1 bilhão de pessoas. O crescimento coloca a região no caminho para ultrapassar a Ásia Central e o sul da Ásia como a mais populosa do mundo.

As altas taxas de fertilidade ao sul do Saara significam que a região da África responderá por mais da metade do crescimento da população mundial entre hoje e 2050, segundo projeções do relatório da Divisão de População da Organização das Nações Unidas (ONU). A população da região ainda estará crescendo rapidamente no final do século, quando o número de pessoas que vivem em grande parte da Ásia e em outros lugares estará em declínio.

A tendência é exemplificada pela Nigéria, cuja população já subiu de 95 milhões em 1990 para 201 milhões neste ano. A população da Nigéria deve dobrar novamente para mais de 400 milhões até 2050, quando ultrapassará os EUA como o terceiro país mais habitado do mundo.

No Níger, onde as mulheres têm em média sete filhos, a maior taxa de natalidade do mundo, a população deve quase triplicar para 66 milhões no mesmo período de tempo. “Em 2050, espera-se que o Níger seja o único país do mundo a experimentar um nível de fertilidade superior a quatro nascimentos por mulher ao longo da vida”, diz o relatório.

Liu Zhenmin, chefe de assuntos econômicos e sociais da ONU, comentou: “Muitas das populações que mais crescem estão nos países mais pobres, onde o crescimento populacional traz desafios adicionais para erradicar a pobreza, alcançar maior igualdade, combater a fome e a desnutrição e fortalecer a saúde e a educação”.

O relatório previa que o número de habitantes humanos no mundo aumentaria de 7,7 bilhões hoje para 9,7 bilhões em 2050 e 10,9 bilhões em 2100. “A população mundial continua crescendo, mas a taxa de crescimento é mais lenta hoje do que em qualquer época desde 1950. Esperamos que continue a desacelerar nas próximas décadas”, afirmou Thomas Spoorenberg, oficial de assuntos da população da ONU.

Especialistas demográficos analisaram as tendências de fecundidade, mortalidade e migração por um ano para chegar às projeções, um pouco abaixo das estimativas anteriores divulgadas há dois anos.

Espera-se que a Índia supere a China como o país mais populoso do mundo em 2027. Até 2050, a Índia, com 1,6 bilhão de pessoas, estará bem à frente da China, cuja população voltará ao nível de 2019, de 1,4 bilhão. A população do Paquistão, que está em 217 milhões, é uma das que mais crescem fora da África e tem uma projeção de 338 milhões em 2050.

No outro extremo, alguns lugares estão experimentando declínio da população como resultado da baixa fertilidade e altas taxas de emigração. Vinte e sete países têm menos habitantes agora do que em 2010.

A população está caindo mais rapidamente na Europa Oriental, onde a Lituânia se destaca com um declínio de 12% entre 2010 e 2019 e uma redução adicional de 27% projetada de agora até 2050.

Embora as taxas de fecundidade e mortalidade impulsionem as mudanças na população global, a migração para escapar da violência ou da pobreza pode ter um grande impacto local. A Síria é o exemplo mais notável, registrando um declínio de 20% na população desde 2010, como resultado de pessoas que fugiram da guerra civil.

Porto Rico perdeu 17% de seus habitantes desde 2010 por causa da emigração e deve perder outros 17% nos próximos 30 anos. Os EUA ganharam mais imigrantes nos últimos 10 anos – cerca de 10 milhões de pessoas – e a Alemanha adicionou 5 milhões.

As pessoas também continuam a viver mais tempo, mostrou o relatório da ONU. A esperança média de vida ao nascer aumentou de 64,2 anos, em 1990, para 72,6, em 2019, e espera-se que aumente para 77,1, em 2050.

O diferencial de longevidade entre países ricos e pobres vem diminuindo, embora a expectativa de vida nos países menos desenvolvidos ainda esteja 7,4 anos atrás da média global, devido principalmente aos altos índices de mortalidade infantil e materna, violência, conflitos e impacto contínuo da epidemia de Aids.

Robin Maynard, diretor da Population Matters, uma instituição de caridade com sede no Reino Unido, saudou o ligeiro ajuste para baixo nas projeções populacionais. “Mas esses números pregam o mito de que a população vai declinar em breve”, disse ele. “Há apenas uma chance em quatro de que isso aconteça até o final do século”.Financial Times

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