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Para registrar memórias do isolamento, pandemia do coronavírus vira tema de livro em São Paulo

Ilustração. EFE/ Cristina Alonso

Sem poder comemorar o aniversário de uma editora de São Paulo devido à pandemia do coronavírus, fundadores do negócio decidiram criar um livro comemorativo sobre este momento no Brasil e não deixar “passar em branco” o legado do mercado de livros, que sofre com a digitalização e fechamento das livrarias no país.

Para isso, a Editora Alameda, de São Paulo, lançará na próxima sexta-feira (24), em versão digital, a obra “Histórias da Pandemia”, a primeira no Brasil a tratar do coronavírus e de suas consequências a partir do olhar da literatura e da ficção.

O livro reúne dez contos de dez autores convidados pela editora para escrever “histórias e metáforas de momentos de isolamento social”, como contou à Agência Efe o fundador do projeto, Haroldo Cevarolo.

“O livro é de ficção. Estávamos nos preparando para ter uma festa de 16 anos da editora, mas veio a pandemia e fomos para casa, todo mundo de home-office. A editora ficou toda virtual e, para não passar a data, pensamos em elaborar uma edição de livro comemorativa com outro olhar da pandemia: boa literatura sobre esses momentos”, explicou.

A publicação será distribuída gratuitamente por email e, para os interessados na versão em papel, a editora irá imprimir algumas sob demanda. De acordo com Cevarolo, a função do livro, além de comemorar o aniversário da editora sem festa presencial, é “oferecer um mergulho racional e literário pelo debate político e científico do coronavírus em um recorte artístico, mais leve”.

O editor ressaltou que a pandemia acelerou a crise econômica do mercado editorial, que vem deixando de capitalizar-se especialmente por causa do surgimento e monopólio de plataformas digitais, como a Amazon, e pela falta de políticas públicas que assegurem diretrizes de comercialização de livros de pequenas e médias empresas.

“O que está acontecendo no mercado de livros é bastante dramático e não sabemos quem vai sair isso. Vínhamos de um processo de monopolização da distribuição pela Amazon, fechamento de livrarias, e o que estamos vivendo é com o agravante desta situação, estamos mais na crise do que os outros setores. São menos títulos, menos livrarias, menos dinheiro circulando no mercado”, detalhou à Efe.

Cevarolo criticou os governos estadual e federal por “burocratizar” e “ não criar condições para pequenas e médias empresas de livros” produzir e, principalmente, distribuir os títulos pelo Brasil, considerando que a impressão e o envio do material custa caro para os editores.

Embora “Histórias da Pandemia” não tenha tiragem estipulada, o fundador da Editora Alameda, acredita na publicação como uma forma de registro e de luta pelo setor, mesmo sem poder abrir as portas e vender as edições.EFE

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