Só porque o cara é negro!....Que Pais é este?
Obama sofreu mais ataques que outros presidentes na história recente dos Estados Unidos
Governo de Barack Obama sofre com o racismo norte-americano
Por algum motivo, algumas pessoas estão tão enfurecidas com a maneira com que os Estados Unidos estão sendo conduzido, que se tornaram incapazes de separar uma crítica real das decisões presidenciais de insultos maldosos relacionados à sua etnia. Sim, o país que gosta de fingir que está bem distante de seu passado racista é palco de batalhas verbais da mais baixa qualidade, nas quais membros do governo eleitos pelo povo se comportam como crianças petulantes, atrapalhando reuniões e usando a mídia para realizar ataques pessoais ao presidente.
É essa a era pós-racial com a qual tantos sonhavam após a eleição do primeiro presidente negro do país? Ao que tudo indica, não. Os insultos racistas e as imagens que circulam pela internet e pelos espaços públicos apontam muito mais para o passado racista do que para o futuro racialmente ambíguo. E não chega a ser uma surpresa que Obama tenha sido recebido desta forma.
Os primeiros sinais surgiram no sétimo mês da gestão de Obama. O congressista Joe Wilson berrou “Você mente!”, durante o discurso do presidente sobre a reforma da saúde. Claramente, Wilson teve um flashback à era da segregação, na qual negros eram coagidos, ameaçados e importunados, para que se lembrassem de quem “estava no comando”. “Você mente!” não é uma exclamação racista. Ainda assim, é desrespeitosa, e não foi usada contra nenhum dos últimos presidentes, que mentiram sobre armas de destruição em massa e Monica Lewinsky. Wilson a usou, numa sessão televisionada do Congresso, antes mesmo que Obama pudesse terminar de falar.
Outros casos também aconteceram, como o de Marilyn Davenport, do Tea Party e Comitê Central do partido Republicano no Condado de Orange, que enviou uma fotomontagem da família Obama com cabeças de chimpanzés; ou o do congressista Doug Lamborn, um republicano do Colorado que se referiu a Obama como um “bebê de piche”. Ambos se desculparam, e Lamborn afirmou que Obama aceitaria suas desculpas por ser “um homem de caráter”.
A dedução de Lamborn nada tem a ver com o caráter de Obama, mas sim com a idéia de que o presidente, um negro, se submeterá à vontade de um homem branco, constantemente descrito como “o membro mais conservador do Congresso”. Inerente nas desculpas de Lamborn está a audácia de acreditar que ele pode determinar as ações e os pensamentos de Obama, sem dar a ele o respeito de uma conversa, o que é racista e desrespeitoso.
Nenhum outro presidente teve sua qualificação para o cargo tão desafiada. Um movimento surgiu com base em alegações de que Obama não seria um cidadão norte-americano (e sua principal figura foi Orly Taitz, uma mulher nascida na Rússia, recentemente naturalizada). Vários dos que acompanharam o movimento exigindo “os documentos” do presidente eram os mesmo republicanos que, anos atrás, consideravam a hipótese de alterar a constituição para que o austríaco Arnold Schwarzenegger pudesse concorrer à presidência.
Seria apenas uma briga partidária? Talvez. Mas se parece muito com racismo. O radialista Rush Limbaugh e o senador Mitch McConnell, de Kentucky declararam suas esperanças, de que o governo de Obama fracassasse no início da gestão. Disputa política? Talvez. Uma profunda falta de patriotismo? Talvez. Mas, novamente, algo aqui parece não ter nada a ver com conflitos partidários ou patriotismo, e sim com não gostar de alguém porque ele não se parece com você.
É por isso que muitos se sentem confortáveis em dizer que Obama não fez nada desde que chegou à presidência? Se Osama bin Laden tivesse sido capturado e morto durante a gestão de George W. Bush, certamente haveria um movimento para torná-lo presidente emérito dos Estados Unidos. No entanto, Obama, o homem cuja gestão conseguiu capturar e matar o inimigo nº 1 dos Estados Unidos, é reduzido a alguém que não faz nada na Casa Branca.
Isso nos leva de volta ao racismo que esteve latente e voltou à tona com a discussão do teto da dívida norte-americana. Obama, e não aqueles que verdadeiramente afundaram o país, recebeu a fúria de todos os lados – e deve haver mais por vir com o recente rebaixamento do crédito. O quão maligno você deve ser para propositalmente criar um buraco e então tentar deliberadamente empurrar toda uma nação para ele? Tudo isso por causa de um presidente negro?
Se a questão não é fato de Obama ser negro, então o que é? Há muito a se criticar na administração atual, mas a falta de habilidade para fazê-lo de forma respeitosa deixa bem claro qual é o problema. O que essas pessoas chamam de inapropriado, desrespeitoso ou politicamente motivado, eu chamo de racismo – um termo que descreve comportamentos agressivos e abusivos contra um membro de outra etnia baseado na crença de que algumas etnias são superiores a outras. Se não é isso o que está acontecendo, então eu não sei o que é.
Sim, é um momento ótimo para ser um racista, e péssimo para ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
* Editora-chefe da revista The Root
Fonte: The Root
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