Como se livrar do advogado
Alguns clientes estão optando por escritórios de direito pouco convencionais
Escritórios de advocacia alternativos
Escritórios de advocacia tradicionais cobram honorários exorbitantes para então repassar o trabalho duro para subordinados enquanto os sócios jogam golfe em clubes caros demais para o bolso de seus clientes. Pelo menos assim parece a muitos clientes, normalmente contrariados ao serem cobrados os olhos da cara em tempos normais, e agora furiosos durante a recessão.
Alguns clientes estão optando por escritórios de direito pouco convencionais que prometem serviços tão bons quanto seus congêneres tradicionais por muito menos dinheiro. Clearspire, por exemplo. Os vinte e poucos advogados do escritório trabalham sobretudo de casa, colaborando através de uma tecnologia multimilionária que imita um escritório virtual. Um advogado procurando um colega automaticamente vê uma foto dele ao telefone caso ele esteja de fato ocupado numa ligação. Clientes usam a plataforma também, comentando e até alterando os documentos à medida que eles estão sendo elaborados. Advogados convencionais são muito menos abertos.
De partida, a Clearspire oferece estimativas de custo para cada fase do serviço jurídico. Funcionários que subestimam o tempo necessário para tal serviço não podem simplesmente aumentar a conta — eles têm que engolir o prejuízo eles mesmos. Mas se um advogado termina o trabalho mais rápido do que prometido, ele ganha um terço do que foi poupado. O cliente também leva um terço, e o outro vai para a Clearspire. Isso dá a todos uma responsabilidade de tornar o processo mais eficiente e previsível.
Bryce Arrowood, o fundador, observa que os escritórios recompensam sócios que trazem negócios, e não necessariamente os advogados mais brilhantes. Porém as prioridades dos clientes são exatamente opostas. De modo que a Clearspire tem uma pouco comum estrutura dual. Escritórios norte-americanos não podem dividir honorários com não-advogados. (O mesmo costumava acontecer na Inglaterra, que se desfará desta regra inútil neste ano). Logo, a Clearspire tem que ser duas entidades separadas: um escritório de advocacia, com advogados assalariados em vez de sócios, e uma segunda empresa focada em trazer novos negócios e em apoiar os advogados.
O desconto para clientes é atraente. George Kappaz é um chefe de um fundo de aquisições que recentemente recorreu à Clearspire para um serviço complexo (estruturar um pacote de ações para o Astrata, um dos fundos da sua empresa). Ele estima que o custo será um quarto do que ele teria pago aos escritórios grandes que costumava contratar, e o trabalho da Clearspire foi tão bom quanto. Kappaz prediz que o modelo da Clearspire, ou algo semelhante, revolucionará o negócio jurídico.
Talvez, mas para a Clearspire as coisas só estão começando. Conseguirá ganhar dinheiro? Uma empresa como a Axiom, com 11 anos de mercado, prova que a clientela tem apetite para modelos alternativos. A Axiom ora empresta alguns de suas centenas de advogados a uma empresa, ora assimila um quinhão inteiro do trabalho jurídico de um escritório cliente (como contratos comerciais), ou desempenha “descobertas” (revisando documentos de casos litigiosos). Em vez de cobrar por hora para cada advogado, a Axiom ou cobra uma taxa fixa, ou cobra pelo trabalho semanal ou mensal de uma equipe. As despesas são mantidas baixas tendo-se a sede do escritório no SoHo, um bairro chique e boêmio de Nova Iorque, e amontoando-se muitos advogados em lugares ainda mais baratos como Houston e Hyderabad.
Já faz mais de uma década que a internet tornou a compra de livros mais barata e conveniente. Se a tecnologia agora contribui para a redução dos custos jurídicos astronômicos nos Estados Unidos e em outros lugares, já não terá sido sem tempo.
Fonte: Economist
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