RÚSSIA PRISÃO

Prisão temida na Rússia encerrará suas atividades

Butyrka é um testemunho vivo das péssimas condições do sistema penitenciário russo (Foto: Wikipédia)

Em entrevista ao jornal Moskovsky Komsomolets, Valery Maksimenko, vice-diretor do Departamento Penitenciário do governo da Rússia, disse que Butyrka, uma imponente prisão de tijolos vermelhos no centro de Moscou, será fechada em breve. Os 2 mil detentos, disse Maksimenko, serão transferidos para uma nova prisão nos arredores da cidade.

A prisão foi construída no governo de Catarina, a Grande, no século XVIII, e teve entre seus presos mais famosos Emelyan Pugachev, o líder de uma revolta camponesa, que mais tarde foi decapitado e esquartejado em uma execução pública em Moscou.

O prédio foi ampliado no século XIX e durante o czarismo abrigou diversos opositores do regime e futuros líderes da revolução bolchevique em 1917. Em 1909, ao ser preso em Butyrka o jovem revolucionário Vladimir Maiakovski começou a escrever poesias. Mais tarde, ele se tornou um dos maiores poetas da Rússia.

Durante os expurgos de Stalin na década de 1930, Butyrka foi o principal centro de detenção dos dissidentes do regime soviético.

“Os gritos e gemidos de seres humanos sendo torturados irrompiam pelas janelas de nossa cela”, escreveu a jornalista Evgenia Ginzburg, presa em Butirka em 1937, no auge dos expurgos. “Em meio aos gritos dos presos torturados, ouvíamos os insultos dos torturadores, o barulho de punhos batendo nas mesas e outros sons aterrorizantes.”

Nas décadas de 1930 e 1940, a prisão abrigou diversos escritores importantes como Alexander Solzhenitsyn, Varlam Shalamov e Osip Mandelshtam. Heinrich Hitler, sobrinho de Hitler, foi capturado pelo exército soviético em 1942 e morreu em Butyrka neste mesmo ano.

Após o colapso da União Soviética, a prisão transformou-se em um centro de detenção pré-julgamento. Quando o magnata da mídia Vladimir Gusinsky foi preso em Butyrka no ano 2000, as terríveis condições da prisão deixou-o tão chocado que ele pagou o conserto do telhado e a compra de roupa de cama para os presos. Os detentos reclamam da precariedade das instalações, da falta de exercício físico ao ar livre e do atendimento médico péssimo ou inexistente.

Durante o período em que ficou preso em Butyrka, Sergei Magnitsky, o advogado que descobriu uma grande fraude fiscal cometida por membros do governo russo, adoeceu com pancreatite, porém não recebeu tratamento médico adequado. Em 2009, após quase um ano de detenção, ele morreu em consequência da doença.

Butyrka é um testemunho vivo das péssimas condições do sistema penitenciário russo. Mas também é uma fonte de inspiração para a banda Butyrka, um dos grupos musicais mais populares da Rússia, cujas músicas descrevem a vida na prisão.The Guardian

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