WALCYR CARRASCO : Um questionamento relevante...

WALCYR CARRASCO: SERÁ QUE OS JOVENS DE HOJE FARÃO MARACUTAIAS NO FUTURO


"Qual será o destino desses jovens?", indaga o escritor Walcyr Carrasco. "Hoje gritam nas ruas.
Mas tantos idealistas não foram envolvidos em casos de corrupção?"

Será que os idealistas de hoje serão os corruptos de amanhã? É o que indaga o escritor Walcyr Carrasco, em coluna publicada na revista Época.

Confesso que assisto às manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro e no resto do país e penso: houve um tempo em que eu estaria lá também, correndo das bombas de gás e das balas de borracha. Na minha época, ainda adolescente, no final dos anos 1960 e início dos 1970, jogavam a cavalaria em cima de nós, manifestantes. Cheguei a me refugiar dentro de lojas, onde os comerciantes fechavam as portas e ficávamos todos lá: nós, os jovens, clientes, vendedores e proprietários em silêncio solidário, ouvindo os gritos, a pancadaria. Na manifestação depois da morte de Vladimir Herzog, na Praça da Sé, arrisquei perder o emprego para comparecer.

Amigos meus foram presos, outros fugiram ou foram banidos. Um dos meus melhores amigos, Flávio Tavares, jornalista e militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN), foi trocado por um embaixador. Havia, sim, um ideal, não muito claro, mas de esquerda. Todos acreditávamos no fim da pobreza, na divisão dos bens, no socialismo. Todos citavam Marx, mas raramente algum lera sua obra máxima, O capital. No máximo, o Manifesto do Partido Comunista. Bem mais novo, eu admirava José Dirceu, seus discursos inflamados. Mais tarde, participei de um grupo de teatro popular que se apresentava na periferia da cidade. Sempre acreditando num mundo mais justo. Não sei se por ingenuidade ou por burrice, acreditava que o futuro seria melhor.


Mais tarde acompanhei, compareci às manifestações pelas Diretas Já. Jamais me arrependerei. Sou profundamente contra qualquer governo totalitário, sempre serei. Meu pote de inocência ganhou rachaduras quando soube, mesmo extraoficialmente, das pequenas e grandes corrupções, dos cabides de emprego nos novos governos.Na revista Época a reportagem completa.

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