INSERÇÃO POLÍTICA - Farc anunciam criação de partido político na Colômbia

Partido terá direito a dez assentos no Congresso colombiano (Foto: Efraín Herrera – SIG)

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram na última segunda-feira, 24, que lançarão seu partido político em 1º de setembro, um mês após o completo desmantelamento da guerrilha. O anúncio foi feito pelo líder do grupo Carlos Antonio Lozada, membro do Estado Maior das Farc, em coletiva de imprensa.

“Em 1º de setembro estaremos lançando publicamente o novo movimento político”, disse Lozada, afirmando ainda que o partido será apresentado em um ato político na Praça Bolívar, em Bogotá.

A iniciativa marca a entrada das Farc no cenário político do país. Como parte do acordo de paz assinado com o governo colombiano, o partido terá direito a dez assentos (cinco no Senado e cinco na Câmara) não eleitos no Congresso até 2023 – depois desta data, terá de participar das eleições. A legenda também poderá lançar candidatos durante as eleições para tentar aumentar sua participação parlamentar.

O grupo ainda não definiu os nomes que concorrerão às eleições e ocuparão as vagas no Congresso nem o nome do partido, mas fará encontros para traçar os alinhamentos da legenda e ajustar suas propostas políticas.

“Temos uma proposta de modelo econômico, a política de gênero que será realizada por nosso partido, as propostas que faremos ao setor da juventude, bem como a defesa do meio ambiente, a política do partido frente à questão urbana e, igualmente, para a parte agrária”, informou Lozada.

Em entrevista à agência France Presse, o cientista político Marc Chernick afirmou que o partido “pode ser um passo para a abertura do sistema político na Colômbia”. O cientista, que é professor universidades de Georgetown (Washington) e Los Andes (Bogotá), considera que as Farc buscarão consolidar um partido político de esquerda, mas não necessariamente marxista.

Além da participação na política, o acordo concederá anistia à maioria dos ex-combatentes das Farc. Rebeldes condenados por tribunais especiais por violações de direitos humanos terão suas penas substituídas por trabalhos sociais, como remover minas terrestres. O acordo de paz põe fim a um conflito armado de mais de 50 anos.Estadão

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