EXPLORAÇÃO - O sistema moderno de escravidão na Itália

A Itália é considerada o segundo pior lugar da União Europeia em relação à escravidão (Foto: Pixabay)

A Itália foi o país responsável pela maior produção de vinho em 2016, com 48,8 milhões de hectolitros (mhl), segundo a Organização Internacional do Vinho. No entanto, as famosas vinhas italianas, onde nascem as uvas, guardam muito mais segredos do que se pensava.

Paola Clemente acordava 1h50 da madrugada para pegar um ônibus especial que a levava junto com outras mulheres para a vinha onde trabalhava. Ela, assim como as outras mulheres, colhia uvas por 12 horas e recebia diariamente 27 euros. Às vezes, Paola estava tão cansada, que dormia no meio de uma conversa. Em 2015, ela morreu, aos 49 anos, na plantação após um ataque do coração. Em quase dois anos de investigação, as autoridades investigam o elaborado sistema moderno de escravidão. Acredita-se que mais de 40 mil mulheres estejam sendo exploradas.

Meses depois de investigações, as autoridades prenderam seis pessoas neste ano. Elas são acusadas de usar suas agências de recrutamento e transporte para extorquir dinheiro das mulheres. Para piorar, a pobreza extrema e o desespero fazem com que as vítimas trabalhem em condições extremas e ainda as impedem de denunciar. A Itália é considerada o segundo pior lugar da União Europeia em relação à escravidão, só perdendo para a Polônia.

No caso de Paola, fazendeiros pagavam intermediários para recrutar e transportar as mulheres. Alguns intermediários ainda ficavam com dois terços dos pagamentos delas. Se a mulher reclamasse, ela era ameaçada a não ser chamada novamente para trabalhar.

A Itália aumentou a sentença para quem explorar trabalhadores. Os condenados podem pegar até seis anos de prisão. Nestes esquemas, os recrutadores preferem mulheres, por conta de seus dedos mais finos e de sua maior habilidade para colher e limpar as uvas. Além disso, mafiosos também costumam estar envolvidos.

Stefano Arcuri, marido de Paola, por vezes ainda põe o despertador para tocar na madrugada. Apesar da saudade, Acuri acredita na justiça.The New York Times

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