APROXIMAÇÃO DIPLOMÁTICA

Cúpula intercoreana termina com avanços na desnuclearização

Kim Jong-un e Moon Jae-in dedicaram quase um dia inteiro para falar sobre a desnuclearização (Foto: Yonhap)

A cúpula intercoreana entre o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, chegou ao fim na quinta-feira, 20. Durante o terceiro encontro entre os chefes de Estados, os países avançaram na questão da desnuclearização, estreitaram as relações e anunciaram a candidatura para sediarem os Jogos Olímpicos de 2032.

O primeiro dia do novo encontro foi totalmente dedicado à questão da desnuclearização da Coreia do Norte – o que ainda causa um impasse nas negociações do país com os Estados Unidos. Os norte-coreanos se mostraram favoráveis em avançar, mas condicionaram suas ações ao posicionamento dos americanos.

Inicialmente, Kim Jong-un já concordou em desmantelar a única instalação de testes de motores de mísseis no país, além das plataformas de lançamento de Dongchang-ri. Para isso, o líder norte-coreano disse que aceitará a presença de especialistas internacionais que possam comprovar a ação. No entanto, para fechar a instalação nuclear em Yongbyon, a principal do país, Kim disse que vai precisar de ações correspondentes por parte dos Estados Unidos.

“A Coreia do Norte desmantelou completamente o local de testes nucleares de Punggye-ri. O presidente Kim disse que a Coreia do Norte não pode mais realizar testes nucleares porque desmantelou completamente seu único local de testes, o que pode ser verificado a qualquer momento”, explicou o presidente sul-coreano sobre o avanço.

Além da desnuclearização, as coreias se tornaram ainda mais próximas após esse novo encontro. Em diferentes imagens, Moon e Kim aparecem com semblantes satisfeitos, mostrando o bom clima das negociações. Ademais, os países anunciaram que farão uma candidatura conjunta para sediarem as Olimpíadas de 2032, criarão ligações rodoviárias e ferroviárias entre as nações e vão reduzir a presença militar nas fronteiras.

Outro ponto importante tratado na reunião diz respeito a uma possível declaração de paz, encerrando oficialmente a Guerra da Coreia (1950-1953) – o conflito terminou com um armistício, mas um acordo de paz nunca foi firmado. Essa possibilidade é encarada com certo receio pelos críticos, mas Moon Jae-in garante que a declaração vai “acabar com nossas relações hostis”.

“A ideia de um fim formal para a guerra que usamos é a declaração de um fim à guerra que [os lados] concordaram em assinar no mesmo ano em que assinaram o armistício, 65 anos atrás. O conceito que usamos é que vamos primeiro fazer uma declaração política sobre o fim da guerra e usar isso como ponto de partida para os esforços para assinar um tratado de paz, quando a Coreia do Norte alcançar a completa desnuclearização”, afirmou o presidente sul-coreano.

Durante a cúpula, Moon Jae-in convidou Kim Jong-un para visitar Seul, a capital da Coreia do Sul. O líder norte-coreano aceitou o convite. A expectativa é que a viagem ocorra ainda este ano, o que tornaria Kim o primeiro líder da Coreia do Norte a visitar oficialmente o país vizinho. A medida também é uma forma de demonstrar que a colaboração política entre as nações irá se intensificar.

“Nós concordamos em realizar conversas parlamentares [entre os dois países], e também concordamos em reforçar os intercâmbios em níveis de governo municipal”, revelou Moon Jae-in.

Reencontro de familiares

No fim de agosto, os governos coreanos voltaram a realizar encontros entre os familiares sul e norte-coreanos que foram separados pela Guerra da Coreia. Poucos ainda estão vivos, mas já expressaram o desejo de rever seus parentes em novas oportunidades.

Para isso, além das conversas parlamentares, Moon Jae-in revelou que foi acordado, durante a cúpula intercoreana, que será feita uma instalação no Mount Kumgang para novos encontros familiares. A intenção dos governos é reaproximar os dois povos.

Ainda este ano também deve ser exibido, na Coreia do Sul, alguns bens culturais norte-coreanos. A mostra vai acontecer em homenagem ao 1.100º aniversário do estabelecimento da Dinastia Goryeo (918-1392).

Negociação com os EUA

Moon Jae-in deve viajar para os Estados Unidos na próxima semana. A expectativa é que, além das conversas diplomáticas, o presidente sul-coreano dê maiores detalhes sobre a cúpula intercoreana ao presidente americano, Donald Trump. O objetivo é fazer com que os EUA e a Coreia do Norte voltem a dialogar o mais rápido possível.

O novo encontro entre Moon e Kim também reacendeu a possibilidade de um segundo encontro entre o norte-coreano e Trump. Segundo a Casa Branca, a organização desta segunda reunião já está em andamento. Antes da cúpula intercoreana, a relação entre Coreia do Norte e EUA estava abalada, principalmente depois que uma viagem do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, foi cancelada.Yonhap

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