METODOLOGIAS DIFERENTES

O difícil cálculo de mortes em furacões

Quase 3 mil pessoas morreram devido ao furacão Maria em Porto Rico (Foto: Wikimedia)

Segundo o presidente Donald Trump, o estudo do Milken Institute School of Public Health da Universidade George Washington, elevou o número oficial de 64 mortes causadas pelo furacão Maria, que atingiu Porto Rico em setembro de 2017, para 2.975, teve uma motivação política.

Em resposta à crítica de Trump de distorção dos dados, os autores do estudo afirmaram que a estimativa do número de 2.975 mortes era a mais precisa até então divulgada.

A diferença entre o número oficial e o indicado na pesquisa era resultado da estimativa de mortes causadas direta ou indiretamente pelo furacão, disse Carlos Santos Burgoa, um dos autores do estudo e professor de saúde global da Universidade George Washington.

“De acordo com dados oficiais, 64 atestados de óbito atribuíram as mortes ao furacão, como em casos de afogamentos e desabamento de prédios”, observou Burgoa.

Mas a pesquisa do Instituto Milken baseou-se em atestados de óbito registrados a partir da passagem do furacão até fevereiro deste ano, quando problemas de infraestrutura, saneamento, interrupção de assistência médica devido à falta de energia elétrica, entre outros serviços básicos, causaram mais mortes na ilha.

De acordo com as diretrizes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), as mortes indiretas fazem parte do total de vítimas de desastres naturais.

Um estudo anterior divulgado em julho por pesquisadores da T.H. Chan School of Public Health da Universidade de Harvard, baseado em pesquisas domiciliares em Porto Rico, estimou em 4.645 o número de mortes causadas pelo furacão entre setembro e dezembro de 2017, muitas em consequência da “interrupção do atendimento médico”.

A metodologia diferente aplicada nos dois estudos explica um resultado tão divergente, observou Burgoa, que comparou a pesquisa domiciliar à pesquisa de intenção de votos que revela tendências, mas nem sempre é precisa.

Essas divergências nos cálculos de vítimas de desastres naturais são comuns. Um estudo publicado em 2014 atribuiu a morte de 1.170 pessoas ao furacão Katrina, que destruiu Nova Orleans em 2005. Um número maior de 184 mortes do que o citado em uma pesquisa divulgada em 2008, em razão da consulta a novos dados de autópsias. No entanto, ambos os números foram inferiores ao da estimativa de 1.833 mortes da National Oceanic and Atmospheric Administration.

Porém, segundo Burgoa, o mais importante não é a contagem da taxa de mortalidade, e sim como pôr em prática uma política eficaz de saúde pública para proteger a população em casos de desastres naturais.Time

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