ARTIGO DE CAPA

Bolsonaro é uma ameaça para o Brasil, diz ‘Economist’

Revista coloca Bolsonaro ao lado de um rol de líderes populistas (Foto: Reprodução/Economist)

A tradicional revista britânica Economist, publicação que é referência entre liberais de todo o mundo, traz como artigo de capa da edição da quinta-feira, 20, o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

Com o título “A mais recente ameaça da América Latina”, o artigo alerta para o risco que eleição de Bolsonaro representa não só para o Brasil, mas também para a democracia na América Latina.

O texto começa mencionando as agruras que o Brasil atravessa nos últimos anos, como a recessão econômica, aumento do desemprego, da violência e sucessivos escândalos de corrupção que ceifaram a confiança na classe política. Nesse contexto, o artigo aponta que as eleições deste ano podem ser a chance de dar um novo começo ao país.

No entanto, a publicação alerta que, “se a vitória for de Bolsonaro, um populista de direita, elas podem tornar tudo pior”. “Bolsonaro, cujo nome do meio é ‘Messias’ promete salvação. Na verdade, ele é uma ameaça ao Brasil e à América Latina”, diz o texto.

A revista coloca Bolsonaro ao lado de um rol de líderes populistas – de direita e de esquerda – que ascenderam ao poder nos últimos anos, como o americano Donald Trump, o filipino Rodrigo Duterte, o italiano Matteo Salvini e o mexicano López Obrador.

O texto ressalta que líderes populistas se utilizam de agruras similares para angariar apoio de uma população enfurecida e chegar ao poder. Muitas dessas agruras atualmente afetam o Brasil, como a crise econômica que resultou na contração da economia, a taxa de desemprego em 12% e os escândalos revelados pela Operação Lava Jato.

De acordo com a revista, Bolsonaro vem explorando de forma brilhante a fúria dos eleitores brasileiros. “Até os escândalos da Lava Jato, ele [Bolsonaro] era um comum deputado em sétimo mandato pelo estado do Rio de Janeiro. Ele tem um longo histórico de ser grosseiramente ofensivo. […] Repentinamente, essa disposição para quebrar tabus vem sendo tomada como uma evidência de que ele é diferente dos charlatões políticos da capital Brasília”, diz o artigo, que também destaca que o recente ataque com faca contra Bolsonaro não só aumentou sua popularidade, como o blindou do escrutínio da mídia.

O texto aponta ainda que, caso Bolsonaro enfrente o presidenciável Fernando Haddad (PT) num eventual segundo turno, pode reunir ainda mais apoio “daqueles que, acima de tudo, culpam Lula e o PT pelos problemas do país”.

No entanto, a revista alerta que tais eleitores não devem se enganar. Ela lembra que Bolsonaro tem uma preocupante admiração por ditaduras, chegando a dedicar seu voto pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff ao general Brilhante Ustra, que durante o regime militar brasileiro foi responsável por 500 casos de tortura e 40 assassinatos.

A revista lembra ainda a experiência do Chile com o general Augusto Pinochet, que colocou o Chile na rota da prosperidade econômica, porém com um terrível custo humano e social. O texto destaca que “a América Latina já conheceu todos os tipos de ‘homens fortes’, a maioria deles terríveis”. Exemplos recentes são os desastres na Venezuela e na Nicarágua.The Economist

No entanto, ressalta que Bolsonaro dificilmente conseguiria governar ao estilo de Pinochet, uma vez que, no Brasil, o presidente precisa de apoio do Congresso para aprovar medidas – e Bolsonaro tem poucos aliados.

A revista finaliza o artigo afirmando que “em vez de cair nas promessas vagas de um político perigoso, na esperança de que ele resolva todos os seus problemas, os brasileiros deveriam compreender que a tarefa de recuperar sua democracia e reformar sua economia não será fácil nem rápida”.

“Algum progresso foi feito – como a proibição de doações de empresas a partidos políticos e o congelamento dos gastos públicos. Muitas outras reformas ainda são necessárias. Bolsonaro não é a pessoa que irá providenciá-las”, finaliza o texto.

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