ATAQUES ANTISSEMITAS

Governo alemão alerta para o uso do quipá em público

Crimes antissemitas aumentaram 20% na Alemanha em 2018 (Foto: Flickr/Michael Swan)

O comissário do governo alemão para o combate ao antissemitismo, Felix Klein, aconselhou judeus residentes na Alemanha a evitarem usar em público o quipá – pequeno chapéu usado por judeus como símbolo da religião judaica e de temor a Deus.

O conselho foi dado no último fim de semana e vem na esteira da ascensão do antissemitismo no país. “Não posso recomendar aos judeus que usem o quipá todo o tempo e em qualquer lugar na Alemanha. Infelizmente preciso dizer isso”, disse Klein.

O comissário afirmou que “uma crescente desinibição social e brutalização” contribuiu para o avanço do antissemitismo na Alemanha. “A internet e as redes sociais contribuíram fortemente para isso, mas também os constantes ataques contra a nossa cultura da memória”, disse Klein, em entrevista a jornalistas do grupo de mídia Funke, repercutida pelo jornal alemão Die Welt.

Klein sugeriu que policiais e funcionários públicos sejam treinados para lidar com o problema, afirmando que existe uma clara definição do que é o antissemitismo, que deve ser ensinada em academias policiais, a professores e juristas.

Dados do Ministério do Interior afirmaram que os crimes antissemitas aumentaram 20% em 2018. Na maioria dos casos, são delitos não-violentos fisicamente, como exibição de suásticas, discurso de ódio e pichações antissemitas.

Cerca de 90% dos ataques antissemitas são perpetrados por entusiastas da extrema-direita. Porém, há também muçulmanos que migraram para a Alemanha já com um histórico de aversão a judeus. “Muitos deles escutam emissoras árabes que transmitem uma imagem grave de Israel e judeus”, disse Klein.

A recomendação chocou membros da comunidade judaica alemã, que exigiram que o Estado garanta aos judeus uma vida sem medo. A declaração também repercutiu entre membros do governo de Israel.

O presidente de Israel, Reuven Rivlin, afirmou estar “profundamente chocado” com a recomendação do comissário Klein. “A responsabilidade pelo bem-estar, a liberdade e o direito à crença religiosa de todos os membros da comunidade alemã judaica está nas mãos do governo da Alemanha”, afirmou o presidente através de sua conta no Twitter. Rivlin destacou ainda que “os judeus não estão seguros em solo alemão”.

No último domingo, 26, o presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, se manifestou sobre a declaração de Klein e afirmou que, de fato, ameaças antissemitas aumentaram no país.

“Há muito tempo é fato que, em grandes cidades, judeus estão potencialmente expostos a riscos, se forem identificados como judeus. Eu não tendo a dramatizar, mas, no geral, a situação realmente piorou”, disse Schuster, segundo noticiou a agência alemã de notícias Deutsche Welle.

Schuster, no entanto, disse que o debate desencadeado após a polêmica recomendação de Klein é bem-vindo, afirmando que está na hora de toda a sociedade alemã combater o antissemitismo.

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