EMBATE TECNOLÓGICO

Mike Pompeo diz que Huawei é um instrumento do governo da China

‘É algo que é difícil os norte-americanos entenderem’, disse Pompeo (Foto: Flickr/Gage Skidmore)

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou a empresa de tecnologia chinesa Huawei Technologies de ser um instrumento do governo da China.

A declaração foi dada em uma entrevista à emissora americana Fox Business Network, gravada na última terça-feira, 28, e divulgada nesta quarta-feira, 29. “A Huawei é um instrumento do governo chinês. Eles estão profundamente conectados. É algo que é difícil os norte-americanos entenderem”, disse Pompeo na entrevista.

O secretário de Estado reforçou o argumento de que a gigante de tecnologia chinesa representa uma ameaça à segurança nacional do país. “Nossas empresas cooperam com o governo dos Estados Unidos. Ou seja, elas cumprem nossas leis. Mas nenhum presidente direciona uma empresa privada norte-americana. Isso é muito diferente na China. Eles simplesmente operam com um conjunto de regras diferente”, disse Pompeo, segundo noticiou a Reuters.

Em inúmeras ocasiões, a China negou que a Huawei seja controlada pelo governo e refutou as acusações feitas pelos EUA de que a empresa usa sua tecnologia 5G para espionagem.

Nesta quarta-feira, o chefe do departamento jurídico da Huawei, Song Liuping, disse em uma conferência em Shenzhen, que o governo americano está usando o poder de toda a nação para atacar uma empresa privada. “Isso não é normal. Quase nunca visto antes na história”, disse Liuping.

Liuping também refutou as acusações de espionagem contra a empresa. “O governo dos EUA não apresentou nenhuma evidência de que a Huawei é uma ameaça à segurança. Não há nenhuma arma, não há fumaça. Apenas especulação”, disse Liuping.

Liuping também anunciou que a Huawei solicitará a um tribunal americano a anulação da legislação que proíbe parte das agências federais do país de comprar produtos da empresa. “Se espera que os tribunais americanos declarem que a proibição à Huawei é inconstitucional e impeçam sua entrada em vigor”, disse o chefe do departamento jurídico.

Além de banir o uso da tecnologia da Huawei em órgãos federais, o governo americano também colocou a empresa em uma lista negra de companhias suspeitas proibidas de adquirir equipamentos tecnológicos dos EUA. A medida foi anunciada em comunicado do Departamento de Comércio dos EUA, que afirmou que o presidente Donald Trump assinou uma ordem para proteger a cadeia de fornecimento de tecnologia da informação e comunicação.

A ordem “proíbe transações que envolvam tecnologia de informação e comunicação ou serviços projetados, desenvolvidos, fabricados ou fornecidos por um adversário estrangeiro sempre que o Secretário de Comércio [Wilbur Ross] determinar que uma transação representaria uma ameaça à segurança nacional”.

A medida abrange negócios da Huawei com gigantes de tecnologia americanas, como a Google e a Microsoft. A Huawei alerta que a ordem tem potencial para afetar bilhões de usuários.

Na esteira do comunicado do Departamento de Comércio dos EUA, a Google anunciou a suspensão de parte do acesso da Huawei ao sistema Android – que inclui aplicativos como Gmail, YouTube, Google Maps. A Huawei terá até o dia 19 de agosto para implementar novos softwares em seus smartphones. A medida ameaça tornar os aparelhos da companhia menos atraentes para o consumidor.

O governo americano também pediu a outros países que evitem a tecnologia 5G da Huawei – cerne do embate entre o governo americano e a empresa – afirmando que Pequim pode estar usando a tecnologia para espionagem.

Porém, enquanto os EUA travam uma batalha contra a Huawei, na Europa alguns países seguem uma direção oposta. Exemplo disso é o caso da Holanda. A KPN, empresa holandesa líder em telecomunicações fixas e móveis, que opera nas redes 2G, 3G e 4G, escolheu, no mês passado, a Huawei como fornecedora da tecnologia 5G. A empresa justificou a escolha apontando a qualidade do serviço da Huawei, mas, segundo noticiou o jornal Washington Post, há uma outra vantagem em jogo: o preço.

A empresa oferece no país um custo muito mais barato que a atual fornecedora, a sueca Ericsson. Isso porque cerca 60% do custo do produto da Huawei é subsidiado, permitindo que a empresa ofereça um preço que na realidade não cobriria nem o custo de suas peças. Tal desconto somente é possível porque a Huawei tem um parceiro secreto: o governo chinês, que anualmente oferece à empresa centenas de milhares de dólares em subsídios. Tais subsídios permitem que a Huawei, junto com a ZTE – outra empresa de tecnologia chinesa – garantam a maior fatia do mercado interno da China, o maior do mundo.

Tais subsídios, no entanto, são considerados ilegais por permitirem que as empresas operem com preços agressivamente mais baixos que as concorrentes, atuando em um ambiente de mercado totalmente diferente das demais.

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