BRASIL D.HUMANOS
CIDH pede que Brasil revise políticas antidrogas e situação nas prisões
Fotografia da audiência pública da CIDH em Buenos Aires. EFE/Nerea González
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu nesta quarta-feira ao Brasil que revise suas políticas antidrogas, concretamente aquelas medidas que levam à prisão "em massa" de pessoas que não cometeram delitos de violência e ao aumento da população nos centros de detenção.
Durante as reuniões da 162° sessão da CIDH, que é realizada nesta semana em Buenos Aires, o relator da CIDH James Cavallaro fez críticas e afirmou que o problema deve ser enfrentado "de maneira mais contundente".
"Com todo respeito, necessito insistir que as medidas não são suficientes (...) Se você entrar em uma prisão no Brasil, verá que a maior parte dos presos está lá por delitos não violentos, eles não representam perigo", manifestou Cavallaro.
O relator reconheceu que a mudança na luta contra as drogas e o narcotráfico é um problema "mundial", dizendo que a "lógica das medidas" adotadas pelo governo "não respondem a uma situação urgente", como a revelada por pessoas que viveram em algumas prisões brasileiras nos últimos tempos.
Após escutar em audiência representantes do Estado e da sociedade civil, Cavallaro pediu que as autoridades trabalhem em medidas como a discriminação do consumo de maconha e contra a atuação violenta das forças de segurança em operações antidrogas, como a ocorrida recentemente na zona denominada como "Cracolândia" (São Paulo).
Cavallaro ressaltou que é preciso fomentar medidas alternativas à prisão, especialmente para pessoas sem condenação por delitos violentos, que também envolvem frequentemente coletivos vulneráveis como mulheres, menores e indígenas.
O relator também insistiu na necessidade de deixar de considerar delitos "agravados" os casos de tráfico de pequenas quantidades.
Neste primeiro dia de audiências públicas em Buenos Aires, a CIDH analisou também outros temas do Brasil, como a situação dos povos indígenas e a independência do Poder Judiciário.
Representantes de comunidades originárias denunciaram que o Brasil está vivendo um "retrocesso" nos direitos indígenas, constatável na falta de consulta em questões legislativas e na ausência de investigação quando sofrem ataques.
Os peticionários acusaram os Poderes Legislativo e Executivo de sacrificar os direitos territoriais indígenas a favor dos agronegócios e, concretamente, foram muito críticos ao ministro de Justiça, Osmar Serraglio, com quem solicitaram uma audiência.
Em representação do Estado, Alexandre Ghisleni, enviado da Chancelaria, ratificou que o Governo tem o compromisso de zelar pelo cumprimento dos direitos indígenas, como estabelece a lei, mas reconheceu que a situação econômica debilitou os funcionamento de algumas áreas do Estado.
"Apesar de viver um momento muito particular da vida pública, a normalidade institucional segue porque a Constituição segue vigente, a legislação segue e os compromissos internacionais seguem", disse.
A respeito do sistema judicial, os relatores da CIDH escutaram críticas a respeito da falta de independência da Justiça, expostas por diferentes organizações civis.
Concretamente, manifestaram que os juízes com posturas mais "progressistas" ou os que garantem o cumprimento dos direitos humanos não podem se expressar livremente sem temor a represálias. Isso assola o direito de acesso à Justiça do cidadão porque não há "pluralismo" nos tribunais.
Os representantes do Estado brasileiro, no entanto, negaram que exista esse problema.EFE
Fotografia da audiência pública da CIDH em Buenos Aires. EFE/Nerea González
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu nesta quarta-feira ao Brasil que revise suas políticas antidrogas, concretamente aquelas medidas que levam à prisão "em massa" de pessoas que não cometeram delitos de violência e ao aumento da população nos centros de detenção.
Durante as reuniões da 162° sessão da CIDH, que é realizada nesta semana em Buenos Aires, o relator da CIDH James Cavallaro fez críticas e afirmou que o problema deve ser enfrentado "de maneira mais contundente".
"Com todo respeito, necessito insistir que as medidas não são suficientes (...) Se você entrar em uma prisão no Brasil, verá que a maior parte dos presos está lá por delitos não violentos, eles não representam perigo", manifestou Cavallaro.
O relator reconheceu que a mudança na luta contra as drogas e o narcotráfico é um problema "mundial", dizendo que a "lógica das medidas" adotadas pelo governo "não respondem a uma situação urgente", como a revelada por pessoas que viveram em algumas prisões brasileiras nos últimos tempos.
Após escutar em audiência representantes do Estado e da sociedade civil, Cavallaro pediu que as autoridades trabalhem em medidas como a discriminação do consumo de maconha e contra a atuação violenta das forças de segurança em operações antidrogas, como a ocorrida recentemente na zona denominada como "Cracolândia" (São Paulo).
Cavallaro ressaltou que é preciso fomentar medidas alternativas à prisão, especialmente para pessoas sem condenação por delitos violentos, que também envolvem frequentemente coletivos vulneráveis como mulheres, menores e indígenas.
O relator também insistiu na necessidade de deixar de considerar delitos "agravados" os casos de tráfico de pequenas quantidades.
Neste primeiro dia de audiências públicas em Buenos Aires, a CIDH analisou também outros temas do Brasil, como a situação dos povos indígenas e a independência do Poder Judiciário.
Representantes de comunidades originárias denunciaram que o Brasil está vivendo um "retrocesso" nos direitos indígenas, constatável na falta de consulta em questões legislativas e na ausência de investigação quando sofrem ataques.
Os peticionários acusaram os Poderes Legislativo e Executivo de sacrificar os direitos territoriais indígenas a favor dos agronegócios e, concretamente, foram muito críticos ao ministro de Justiça, Osmar Serraglio, com quem solicitaram uma audiência.
Em representação do Estado, Alexandre Ghisleni, enviado da Chancelaria, ratificou que o Governo tem o compromisso de zelar pelo cumprimento dos direitos indígenas, como estabelece a lei, mas reconheceu que a situação econômica debilitou os funcionamento de algumas áreas do Estado.
"Apesar de viver um momento muito particular da vida pública, a normalidade institucional segue porque a Constituição segue vigente, a legislação segue e os compromissos internacionais seguem", disse.
A respeito do sistema judicial, os relatores da CIDH escutaram críticas a respeito da falta de independência da Justiça, expostas por diferentes organizações civis.
Concretamente, manifestaram que os juízes com posturas mais "progressistas" ou os que garantem o cumprimento dos direitos humanos não podem se expressar livremente sem temor a represálias. Isso assola o direito de acesso à Justiça do cidadão porque não há "pluralismo" nos tribunais.
Os representantes do Estado brasileiro, no entanto, negaram que exista esse problema.EFE
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