CASO HUAWEI 2

China acusa os EUA de intimidação tecnológica

EUA estão limitando as ações da Huawei, além de tentarem a extradição da executiva Meng Wanzhou (Foto: Divulgação/Huawei)

A China criticou na última quarta-feira, 23, as tentativas dos Estados Unidos de extraditarem a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, que vive no Canadá. A executiva da empresa de tecnologia chinesa chegou a ser presa por autoridades canadenses em dezembro, mas foi solta dias depois.

Segundo a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, as ações dos EUA no caso envolvendo a Huawei é uma “intimidação tecnológica”. Isso porque, além de estar tentando a extradição de Wanzhou, o governo americano estaria conversando com governos de outros países para limitarem a atuação da empresa chinesa.

“O ato dos EUA é altamente político, o que é essencialmente intimidação tecnológica, e seu objetivo é fazer tudo o que estiver ao seu alcance para suprimir as empresas chinesas de alta tecnologia e conter os direitos legítimos de desenvolvimento da China”, afirmou Chunying.

Com o objetivo de instalar redes de internet 5G em diferentes países do mundo, a Huawei tem enfrentado muitos problemas. Alguns países já proibiram a instalação da tecnologia, enquanto outros chegaram a deter funcionários da Huawei acusados de espionagem. Esse, inclusive, seria o maior temor dos governos no que diz respeito à empresa chinesa.

A Huawei, por sua vez, nega todas as acusações. A empresa de tecnologia sempre esclareceu que está focada apenas no avanço tecnológico, afirmando que não tem nenhum tipo de envolvimento com possíveis espionagens do governo chinês.

Segundo o South China Morning Post, universidades americanas começaram a remover equipamentos fabricados e comercializados pela Huawei. Outros fornecedores chineses podem ser afetados pela ação, como os equipamentos de áudio e vídeo da Hikvision, Dahua Technology, Hytera e outras afiliadas.

Meng Wanzhou

Vice-presidente e diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou foi presa no Canadá no dia 1º de dezembro, a pedido do governo americano. A acusação, feita pelos Estados Unidos, é de que a empresa chinesa teria violado as sanções impostas contra o Irã. Após ficar 11 dias detida, Wanzhou foi liberada sob a fiança de US$ 7,5 milhões. Atualmente, a diretora está sob prisão condicional, vivendo sob observação em sua casa em Vancouver.

Nos últimos dias, os Estados Unidos voltaram a demonstrar interesse na extradição de Wanzhou para o país. As autoridades americanas têm até o próximo dia 30 de janeiro para fazer o pedido, que será analisado pela Justiça do Canadá.

Questionado sobre o caso na última quarta-feira, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o país não se envolverá politicamente na questão. Porém, lembrou que o Canadá é um “país de estado de direito” e, por isso, Meng Wanzhou terá o direito de “montar uma defesa forte”.

O embaixador do Canadá na China, John McCallum, porém, saiu em defesa de Wanzhou sobre uma possível extradição para os Estados Unidos. Para o embaixador, a diretora da Huawei tem “bons argumentos”. Isso porque o pedido de extradição foi feito baseado na suposta violação das sanções dos EUA ao Irã, e o “Canadá não assina essas sanções do Irã”.

Tensão elevada

A prisão de Wanzhou deixou as tensões diplomáticas entre Estados Unidos e China ainda mais elevadas, além de ter criado um novo problema para as relações entre chineses e canadenses. No início de janeiro, o Canadá denunciou que pelo menos 13 cidadãos canadenses foram presos na China entre dezembro e janeiro.

O governo canadense preferiu não apontar as detenções como uma espécie de retaliação à prisão de Wanzhou, mas diplomatas baseados em Pequim e ex-diplomatas canadenses acreditam que as detenções foram uma represália chinesa.

Atualmente, o governo canadense observa a situação de três de seus cidadãos com muito cuidado: o ex-diplomata Michael Kovrig, o empreendedor Michael Spavor e Robert Lloyd Schellenberg. Este, inclusive, foi condenado à morte por um suposto contrabando de drogas.

Já o impasse diplomático entre China e Estados Unidos pode afetar outras negociações. Enquanto os negociadores preferem separar as questões diplomáticas e comerciais, a administração de Donald Trump parece estar misturando os assuntos.

As negociações comerciais entre os países devem ser retomadas no próximo dia 30 de janeiro, quando uma delegação liderada por Liu He, principal negociador da China, vai se encontrar com o secretário de Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, e com o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lightizer, em Washington.

A China, porém, não se manifesta se o caso Huawei pode afetar as negociações comerciais com os Estados Unidos. Os norte-americanos têm até o dia 30 de janeiro para pedir a extradição de Wanzhou, a mesma data em que as negociações devem ocorrer. Ao ser questionada sobre uma possível interferência, a porta-voz Hua Chunying apenas respondeu que a prisão de Wanzhou “é um erro grave e pedimos que os EUA corrijam imediatamente seu erro”.The New York Times

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