SETOR HOTELEIRO

Marriott se empenha no combate ao tráfico sexual

Rede hoteleira oferece palestras a funcionários (Foto: Flickr/Karen V Bryan)

Há algumas semanas, um grupo de funcionários do Sheraton Times Square reuniu-se em uma das salas de conferências do hotel. Cozinheiros, camareiras, faxineiros e recepcionistas reuniram-se para assistir a uma palestra organizada pela rede de hotéis Marriott International, proprietária dos hotéis Sheraton, sobre tráfico de pessoas e exploração sexual em hotéis.

De acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho, 4,8 milhões de pessoas são vítimas de exploração sexual no mundo inteiro. O tráfico sexual, disse o palestrante, pode acontecer em hotéis de todos os tipos, de motéis a hotéis de luxo.

Não existe uma imagem característica de traficantes ou de vítimas, que permite identificá-los, mas os funcionários dos hotéis devem ficar atentos a alguns sinais. Por exemplo, as vítimas de tráfico sexual, que podem ser de qualquer idade ou sexo, apesar de um número bem maior de mulheres, muitas vezes têm uma atitude de distanciamento de seus acompanhantes. Quase sempre, carregam o mínimo de bagagem e têm o aspecto de drogadas.

Em geral, os traficantes obrigam suas vítimas a permanecerem caladas e evitam o contato com os funcionários do hotel e com outros hóspedes. É comum que paguem a hospedagem em dinheiro para não serem identificados pelo cartão de crédito. Além disso, insistem que não precisam de serviço de quarto, ou pedem sem cessar toalhas limpas.

Quando a apresentação em PowerPoint terminou, os funcionários formaram uma espécie de exército improvisado de combate ao tráfico de pessoas e às redes de prostituição.

Em um sinal de apoio a causas sociais, nos últimos dois anos, a Marriott International ofereceu esse mesmo treinamento a 500 mil funcionários em seus muitos hotéis e franquias.

Segundo Tricia Primrose, diretora de Comunicação Global da empresa, o treinamento oferecido em 17 idiomas se estenderá nos próximos anos aos 700 mil funcionários da rede hoteleira. Até o final de 2019, em colaboração com a ONG Polaris, cartazes de conscientização criados por funcionários serão pendurados em locais públicos dentro dos hotéis.

Tu Rinsche, diretora de Impacto Social e Responsabilidade Global da Marriott International, reitera a importância de estender esse programa de treinamento aos mais diversos funcionários da rede de hotéis, uma vez que todos têm contato com os hóspedes.

A Marriott começou a treinar seus funcionários a ficarem atentos a sinais de tráfico sexual infantil em 2011, disse Rinsche. Em seguida, colaborou com as ONGs ECPAT-USA e Polaris, ambas envolvidas no combate ao tráfico sexual, para elaborar o atual programa de treinamento.

Após o treinamento, os funcionários sentem-se mais seguros em alertar os gerentes sobre possíveis problemas. Em meados do primeiro semestre de 2017, um segurança de um hotel na Louisiana viu um menino de uns 12 anos em companhia de dois homens. Atento, ele ouviu um dos homens dizer, “Acho que vou levá-lo para casa hoje à noite”. Em seguida, ele avisou o gerente do hotel que, por sua vez, chamou a polícia. O menino havia sido sequestrado pelos dois homens, que faziam parte de uma rede de tráfico sexual infantil.

Pouco depois, disse Rinsche, umas camareiras de um hotel em Toronto, acharam estranho que uns hóspedes houvessem deixado uma adolescente sozinha no quarto. Avisaram o gerente, que imediatamente contatou a polícia. Mais uma vez, tratava-se de um sequestro cometido por traficantes sexuais.

Segundo Rinsche, alguns funcionários compartilham os ensinamentos que receberam com suas famílias e amigos, com o intuito de conscientizá-los também sobre a gravidade do problema do tráfico de pessoas e do drama das vítimas de exploração sexual.Quartz

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