ECONOMIA

Inflação da terceira idade: custa caro ser idoso no Brasil

Para o primeiro trimestre deste ano, no entanto, as notícias são mais amenas (Foto: EBC)

Muitos conhecem a expressão “não está fácil pra ninguém”. Para quem tem mais de 60 anos, além de a vida não estar fácil, pode estar dramática. Criado pelo Instituto de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) mede a variação da cesta de consumo de famílias compostas, em sua maior parte, por indivíduos com mais de 60 anos de idade. No fechamento de 2018, o índice chegou aos 4,75% diante dos 4,32% registrados pelo Índice de Preços ao Consumidor Brasil (IPC-BR). Em outras palavras: o bolso dos idosos doeu mais que o dos mais novos.

Potenciais usuários de maior quantidade de medicamentos e de alimentos como, por exemplo, a carne moída, os idosos brasileiros se ressentiram exatamente nestes dois segmentos: Alimentação (5,88%) e Saúde e Cuidados Pessoais (6,63%) – com as maiores influências de alta observadas em planos de saúde (10,07%), médicos e dentistas (9,74%) e medicamentos (3,92%). Em compensação, a gratuidade – em modais como trens, ônibus, metrô e barcas – garante certo alívio dentro do índice.

O economista André Braz é o coordenador do IPC e o responsável pela Sala de Índices – um bunker instalado no sexto andar do prédio do Ibre, na rua Barão de Itambi, em Botafogo, na Zonal Sul do Rio –, cujo acesso é restrito, exclusivo, onde telefones celulares também são proibidos e os números tratados com a devida proteção e confidencialidade. Tantos cuidados garantem a credibilidade dos índices.

Da Economia à Meteorologia, por um 2019 melhor

Para o primeiro trimestre do ano, no entanto, as notícias são mais amenas – mais pela sazonalidade do que por mera expectativa: no início do ano, a bola da vez é a camada mais jovem da população que vai gastar muito com material escolar, uniforme, matrículas, livros etc. Se os idosos patrocinarem filhos e netos, no entanto, aí sim o bolso vai doer de qualquer maneira.

Ainda assim, o economista admite que há chances, no geral, de um índice de preços mais ameno para o consumidor da terceira idade em 2019. “A ideia é de que em 2019 se tenha uma inflação abaixo da meta de 4,25% tanto para o IPC-S como para o IPC da terceira idade”. Braz lembra ainda que o IPC-3i em 2018 subiu mais que o salário mínimo. “Isso significa que o idoso teve que reduzir as despesas menos essenciais”. O economista recorre à meteorologia para destacar que o item Alimentação pode ser o grande vilão em 2019. A previsão é que o fenômeno La Niña afete a agricultura e também os preços dos alimentos. “É um ano atípico, e a gente está um pouco receoso de que os preços fiquem além da inflação.”Claudio Carneiro

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