RELAÇÃO REFORÇADA

Alemanha e França se unem contra movimento eurocético

Renovação do Tratado aconteceu na cidade alemã de Aachen, na fronteira com a França (Foto: Divulgação/Elysée)

França e Alemanha assinaram, na terça-feira, 23, a renovação do Tratado do Eliseu, um pacto de amizade assinado em 1963. Dois dos principais países da União Europeia aproveitaram a ocasião para firmar o posicionamento contra partidos eurocéticos, populistas e extremistas, que têm ganhado espaço na Europa.

Atualmente, governos de países como Itália, Polônia e Hungria são exemplos de governos nacionalistas e populistas no continente, que têm reforçado o movimento eurocético – um posicionamento político de desconfiança em relação à União Europeia. Fora da Europa, a principal figura é a de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

“Ambos os estados aprofundarão sua cooperação em relações exteriores, defesa, segurança externa e interna e desenvolvimento e, ao mesmo tempo, trabalharão no fortalecimento da capacidade da Europa de agir independentemente”, afirma o texto do tratado.

O pacto, assinado na cidade alemã de Aachen, também prevê uma colaboração de segurança mais próxima entre os países, com ambos se tornando parceiros e garantindo se defender mutuamente em caso de uma ofensiva militar.

Ademais, cria um conselho de defesa e segurança entre os países, além de harmonizar as regras de exportações de equipamentos militares. Também será criado um painel de especialistas para dar recomendações econômicas aos governos e impulsionar a cooperação em pesquisas de economia digital e energias renováveis.

O presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, têm se mostrado próximos desde que o francês chegou ao poder, em 2017. Desde então, o posicionamento dos países em questões internacionais tem sido alinhado, com os dois líderes sempre dialogando em reuniões e eventos mundiais.

O Tratado de Eliseu foi assinado em 1963 pelo chanceler alemão Konrad Adenauer e o presidente francês Charles de Gaulle, 18 anos após a Segunda Guerra Mundial, na qual a França ficou sob o domínio da Alemanha. Críticos do regime nazista, Konrad Adenauer e Charles de Gaulle queriam firmar relações bilaterais e selar a paz com inimigos do passado.

No entanto, a atual renovação do pacto gerou críticas de partidos extremistas e populistas de ambos os países, assim como de parte da comunidade internacional. Na Alemanha, Alexander Gauland, do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (Afd), afirmou que era “inapropriado” que Macron, um “presidente falido” impusesse visões sobre o país alemão. Ademais, afirmou que o relacionamento especial das nações iria afastar a Alemanha de outros europeus.

Já na França, Marine Le Pen, líder da extrema-direita e da legenda Rassemblement National (antiga Frente Nacional), aproveitou a baixa popularidade de Macron entre alemães para afirmar que o presidente francês está “desmantelando o poder do país”. Criticado, Macron tem perdido apoio nos últimos meses, sendo enfraquecido também pelo movimento dos Coletes Amarelos, que vem promovendo uma onda de protestos pela França.

A principal crítica internacional foi promovida pelo ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, que já havia afirmado, no início de janeiro, que faria constante oposição ao posicionamento pró-União Europeia de Merkel e Macron. Criticando o “motor franco-alemão”, Salvini garantiu um movimento eurocético “ítalo-polonês”.

A parceria entre Alemanha e França também criou teorias da conspiração e fake news em ambos os países. Em 1871, a Alemanha anexou as regiões de Alsácia e Lorena, que só retornaram à França após o fim da Primeira Guerra Mundial. Com a renovação do Tratado de Eliseu, passou a circular uma teoria de que Macron planejava ceder o controle das regiões à Merkel.

“Aqueles que esquecem o valor da paz e espalham mentiras são cúmplices nos crimes do passado. Prefiro encarar a nossa Europa e fortalecê-la para proteger os nossos povos. É o que fazemos com o Tratado de Aix-la-Chapelle [renovação do Tratado de Eliseu, assinado na cidade de Aachen]”, escreveu Macron nas redes sociais, após a assinatura do tratado.The Guardian

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