ELEIÇÕES 2014: Sobre a pesquisa Ibope prevista para hoje

“Só candidatos, partidos e operadores do mercado financeiro já conhecem os resultados das pesquisas e estão assombrados”


Do blog de José Roberto de Toledo no Estadão:

“Há data e hora marcados para todo mundo ficar sabendo o que a turma diferenciada já vislumbrou desde suas coberturas: a candidatura de Marina Silva (PSB) está surfando uma onda de opinião pública de proporções havaianas. Será nesta terça-feira, às 18h, quanto o Estadao.com divulgar a pesquisa Ibope que está em campo. O que ninguém sabe é quão longe a onda vai chegar.

Por força da legislação eleitoral, o eleitor indiferenciado só tem acesso às pesquisas registradas pelos institutos. A divulgação dos números de pesquisas não registradas e das sondagens telefônicas diárias é punível com multa alta pela Justiça eleitoral – para jornal, jornalista e instituto.

A lei provocou um oligopólio informativo dos mais excludentes. Uma quantidade anormal de pesquisas foi encomendada mas não divulgada desde a morte de Eduardo Campos e a assunção de Marina. Só candidatos, partidos e operadores do mercado financeiro já conhecem os resultados e estão assombrados.

As mudanças são diárias e na mesma direção. Indicam uma tendência que vai além do impacto emocional provocado pela morte de Campos e de seus auxiliares. A tragédia foi o despertador do público para a eleição, mas não só. Também catalisou um sentimento difuso de insatisfação com a política, com a polarização PT x PSDB. Ambos correm risco de afogamento, mas os tucanos foram pegos primeiro, em local mais fundo.

O “swell” Marina tem origem na mesma tempestade que causou as turbulências de junho de 2013. Uma sensação coletiva de que é preciso mudar, mas não se sabe bem como nem o que. Ao se reconhecer no outro, a inquietude individual se espalha e se multiplica em muitas direções, com efeito potencialmente devastador quando chega à praia. A praia pode ser a urna.

Pelo histórico, Marina é também o pior inimigo de Marina. Saiu do governo Lula ao não conseguir fazer o que queria. Saiu do PT quando não viu o futuro que almejava para si. Saiu do PV ao não alcançar o controle que pretendia. Saiu do projeto da Rede sem criar um partido onde 32 outros conseguiram. Mal entrou no PSB, já provocou saídas. Não é exatamente uma agregadora.

Mas é em momentos de insatisfação coletiva que personalidades disruptivas encontram a sua chance. A onda é de Marina, e os adversários não a enfrentarão de peito aberto. Subirão onde der e, olimpicamente, torcerão para que faça espuma logo.

Dilma Rousseff (PT) tem mais chance de escapar à correnteza do que Aécio Neves (PSDB), mas não está a salvo. Ela se equilibra no saldo de popularidade que, segundo o Ibope, mantém em ao menos 15 estados, mas com grande variância: do pico de 51 pontos no Piauí a rasos 5 pontos em Santa Catarina.”


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