ONG DE DIREITOS HUMANOS

Israel expulsa diretor da Human Rights Watch

Shakir foi expulso acusado de apoiar movimento de boicote ao país (Foto: Human Rights Watch)

O governo israelense expulsou de seus territórios o diretor da Human Rights Watch (HRW), Omar Shakir, representante da organização para Israel e Territórios Palestinos.

Shakir foi expulso com base em uma lei aprovada pelo governo israelense em 2017, que visa combater o movimento chamado BDS – uma iniciativa não violenta que faz campanhas por boicotes, desinvestimentos e sanções (daí o nome BDS) para pressionar Israel a abandonar sua política de ocupação de territórios palestinos.

Desde que foi aprovada a lei já barrou entrada em Israel de pessoas engajadas no movimento. Porém, Shakir se tornou a primeira pessoa a ser expulsa do país com base na legislação.

O imbróglio teve início no final de 2018, quando o governo israelense se recusou a renovar o visto de Shakir, acusando-o de ser um propagador do movimento BDS. A acusação se deu com base em postagens em redes sociais feitas pelo diretor antes de assumir o posto em Israel e trabalhos recentes que criticavam a política de ocupação em territórios palestinos na Cisjordânia.

“Todos que atuam contra Israel devem saber que não permitiremos que morem ou trabalhem aqui”, declarou o ministro do Interior israelense, Aryeh Deri, citando Shakir como “um dos líderes do movimento”.

Shakir nega a acusação, bem como o diretor executivo da organização, Kenneth Roth, que afirma que pressionar empresas a reconhecer os abusos de direitos humanos de Israel não é o mesmo que pedir por boicote ao país. Roth citou como exemplo a pressão da HRW para que a empresa Airbnb retire de sua lista os imóveis localizados em territórios palestinos ocupados.

Roth destacou ainda que a expulsão de Shakir coloca Israel ao lado de regimes autocratas como Irã, Egito, Coreia do Norte e Venezuela. Esta última expulsou membros da HRW de seu território em 2008, durante a gestão de Hugo Chávez.

O diretor José Miguel Vivanco e outro integrante da organização foram expulsos, acusados de ofender a dignidade do país. Chávez foi duramente criticado pela medida, mas recebeu apoio de outro autocrata, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.

Ortega afirmou que turistas e pessoas amparadas em missões diplomáticas estavam “conspirando” contra Chávez através de “campanhas sujas”.

Além de Vivanco, foi expulso pelo governo venezuelano Daniel Wilkinson, diretor-adjunto da HRW, por ter apresentado um relatório que alertava para a erosão dos direitos humanos na Venezuela.

Entre as pessoas que foram barradas de entrar em território israelense com base na lei anti-BDS, estão duas parlamentares americanas: Rashida Tlaib e Ilhan Omar, esta última pré-candidata democrata à presidência da República. Em agosto, elas foram barradas de entrar no país durante uma viagem para a Palestina.

Posteriormente, o governo israelense recuou e permitiu a entrada de Rashida Tlaib para que ela visitasse membros de sua família que vivem em territórios palestinos. A permissão veio acompanhada da exigência de que ela não expressasse suas visões sobre o movimento de boicote. Tlaib rejeitou a oferta, afirmando considerar seus termos opressivos.

Ironia e bandeira norte-coreana

No mesmo dia em que a expulsão de Shakir foi anunciada, membros do governo israelense e simpatizantes do primeiro-ministro interino Benjamin Netanyahu começaram a incluir a bandeira norte-coreana em seus perfis nas redes sociais.

Entre eles, está Yair Netanyahu, filho do primeiro-ministro interino e ativista de direita online.

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