SAÚDE - RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS.

NOVA PISTA ABRE CAMINHO A NOVOS MEDICAMENTOS


Sejam redondas, ovais, em bastonetes, em foices, praticamente todas as bactérias têm paredes celulares construídas do mesmo modo, com os mesmos materiais, apesar de serem muitas vezes em proporções diferentes. Pesquisadores do Instituto de Biologia Estrutural (IBS - CEA/CNRS/Universidade Joseph-Fourier) em Grenoble revelam detalhes sem precedentes sobre os mecanismos moleculares da síntese de uma parede bacteriana (trabalhos publicados no Journal of the American Chemical Society). Tais estudos abrem o caminho para o desenvolvimento de novos antibióticos.

As bactérias são como pequenos sacos com uma parede rígida, que mantém sua forma, sua integridade e os componentes de seu ambiente interno. Esta parede é «viva » e em constante renovação e remodelação. Graças a uma técnica chamada de "espectroscopia RMN do sólido", o equivalente a uma ressonância magnética médica, os pesquisadores foram capazes de captar imagens em 3D, no nível atômico, de um dos principais «tijolos» desta parede, o peptidoglicano, na presença de uma das enzimas responsáveis pela sua fabricação. O peptidoglicano é um polímero da base da parede bacteriana, independentemente da espécie bacteriana e é essencial para a sobrevivência da bactéria.

Ao contrário dos métodos clássicos da biologia estrutural (cristalografia de raios X, microscopia ou RMN em solução), esta técnica permite estudar a parede bacteriana como um todo e na presença de sua máquina de síntese. «As enzimas de transpeptidação são proteínas que sintetizam o peptidoglicano », explica Paul Schanda, pequisador no IBS, primeiro signatário do estudo. «Hoje em dia, conhecemos a forma da máquina que cria a parede e a maneira como ela funciona. Fomos capazes de descrever com precisão, os mecanismos de síntese de uma parede bacteriana.» Os pesquisadorres puderam particularmente destacar o trabalho conjunto do peptidoglicano e de uma enzima responsável pela rede de malha de moléculas da parede, para fazer uma parede rígida.

É precisamente esta parede bacteriana que é o alvo de antibióticos que inibem a síntese do peptidoglicano. Este é o caso dos antibióticos beta-lactâmicos, uma classe de antibióticos que inclui derivados de penicilina, cefalosporinas, monobactamas, carbapenemos e inibidores de beta-lactamase. Mas cada vez mais bactérias desenvolvem resistências a essas moléculas. Elas alteram os receptores alvos na superfície de sua parede, o que torna os antibióticos ineficazes.

Conhecer os pormenores dos mecanismos de fabricação da parede bacteriana, pode nos conduzir a encontrar moléculas capazes de bloquear esta síntese e assim, matar a bactéria. «Na verdade, com estes dados 3D, novas pistas de pesquisas se abrem», avalia Paul Schanda. «É preciso especificar que as proteínas alvo são específicas para as bactérias. As células humanas não contêm as referidas proteínas. Sendo assim, não há riscos que elas sejam afetadas. Além disso, iremos para outras bactérias, como aquelas responsáveis pela tuberculose. A micobactéria tuberculosis tem efetivamente, desenvolvido multiresistência aos antibióticos».LE FIGARO

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