PESQUISA SAÚDE ARTÉRIAS

Por que as artérias enrijecem com o passar dos anos?

Envelhecimento, hipertensão arterial, tabagismo e placas de gordura são fatores de risco (Foto: Flickr/agilemktg1)

Em um artigo publicado na revista científica Cell Reports, pesquisadores britânicos descreveram a descoberta do misterioso mecanismo que provoca o enrijecimento e estreitamento das artérias.

As artérias endurecem devido ao depósito de cálcio nas paredes dos vasos sanguíneos, um processo associado ao envelhecimento e mais acentuado em pacientes com diabetes ou doenças renais. O endurecimento também pode ocorrer em casos de aterosclerose, quando o cálcio é depositado em placas de gordura nas artérias a partir da ação de uma molécula específica.

Essa molécula, chamada poli(ADP-Ribose), ou PAR, é produzida quando as células, ou o DNA delas estão danificados. A descoberta levou os pesquisadores a associarem os fatores de risco de doenças cardiovasculares como envelhecimento, hipertensão arterial, tabagismo e placas de gordura a danos às células ou ao seu DNA.

Ao longo do estudo, os pesquisadores fizeram uma série de experimentos com tecidos ósseos de ovinos, células de vasos sanguíneos de vacas e de artérias de seres humanos.

Os resultados dos experimentos mostraram que nas áreas de grande concentração da molécula PAR fora das células, havia depósitos de cálcio. Além disso, essas áreas tinham inúmeros marcadores de morte celular ou células com danos no DNA.

Os pesquisadores também observaram que a molécula PAR misturava-se ao cálcio e a certas proteínas encontradas entre as células nas paredes das artérias e nos tecidos ósseos, um sinal do papel-chave desempenhado por ela na formação dos ossos e no enrijecimento das artérias.

Experimentos posteriores com outras cobaias, inclusive com camundongos, mostraram que, se uma enzima envolvida na produção da molécula PAR fosse bloqueada, o cálcio não se depositava nas artérias, mesmo em casos de danos às células ou ao seu DNA. Os testes também revelaram que o medicamento minociclina, usado no tratamento da acne, tinha a propriedade de bloquear essa enzima.

“Essa descoberta abre uma nova perspectiva para o tratamento de pacientes com problemas cardiovasculares”, disse Cathy Shanahan, professora de Sinalização Celular no King’s College London e coautora do estudo.

No entanto, apesar dos resultados promissores da pesquisa, Melinda Duer da Universidade de Cambridge e coautora do estudo, recomendou a adoção de um estilo de vida saudável, com a prática de exercícios físicos e uma alimentação balanceada, como medidas de prevenção de doenças degenerativas como a aterosclerose, em que a obstrução dos vasos sanguíneos é uma causa comum de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral.

Paul Evans, professor de Ciências Cardiovasculares da Universidade de Sheffield, mostrou-se otimista quanto ao uso do medicamento minociclina para o bloqueio da produção da molécula PAR.

“A comunidade científica tem um grande interesse no desenvolvimento de inibidores da molécula PAR no tratamento do câncer e de outras doenças. Agora, temos um novo campo de pesquisa no que se refere a doenças cardiovasculares. É uma excelente notícia.”The Guardian

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