POSSÍVEL 'TIRO NO PÉ'
Índia aposta alto ao acirrar uma guerra comercial com os EUA
Medida tomada pelo governo indiano pode resultar em um 'tiro no pé' (Pixabay)
Novas tarifas impostas pela Índia sobre a importação de 28 produtos dos EUA, entre eles, amêndoas, maçãs e alguns produtos químicos entraram em vigor em 16 de junho. A decisão do governo indiano é uma resposta ao aumento das tarifas dos EUA sobre o aço e o alumínio imposto em 2018.
Porém, a medida pode configurar o chamado “tiro no pé”, uma vez que a Índia teria muito mais a perder, caso se envolva em uma guerra comercial com os EUA.
“A decisão da Índia de aumentar as tarifas sobre produtos importados dos EUA é um erro estratégico para a política comercial indiana”, disse Priyanka Kishore, diretora do escritório da empresa de pesquisa Oxford Economics na Índia.
Assim como a China, que está envolvida em uma guerra comercial com os EUA, as exportações da Índia superam a importação de produtos americanos. Em 2018, as importações atingiram o valor de US$ 33 bilhões, enquanto os produtos exportados totalizaram US$ 54 bilhões. Os acordos comerciais na área de serviços entre os dois países no valor de US$ 54,6 bilhões favorecem a Índia, graças às empresas de tecnologia da informação (TI) como a Tata Consultancy Services, a Infosys e a Wipro.
“Se os EUA decidirem aumentar as tarifas sobre exportações de pedras preciosas, joias e têxteis, ou resolverem exercer mais pressão sobre as empresas de TI, isso teria um forte impacto negativo na economia da Índia”, disse Kishore.
O presidente Donald Trump não poupa críticas ao déficit comercial dos EUA com a Índia, assim como em relação às altas tarifas da Índia cobradas em produtos como motocicletas e bebidas alcoólicas. Há pouco tempo, o governo americano excluiu a Índia da lista de países com status preferencial, o que lhe dava isenção do pagamento de tarifas sobre produtos com um valor de US$ 6 bilhões, com a justificativa de que recebera reclamações de fabricantes de equipamentos médicos e do setor de laticínios.
“A imposição de novas tarifas a produtos importados dos EUA é um sinal que a Índia pretende agir com firmeza no que se refere aos acordos comerciais com o governo americano”, disse Rajat Kathuria, diretor do India Council for Research on International Economic Relations, um instituto de pesquisa com sede em Nova Déli.
A decisão de taxar a importação de alguns produtos dos EUA também representa uma mudança importante na posição do primeiro-ministro Narendra Modi, eleito com uma votação expressiva para o segundo mandato. Em 2018, o governo anunciou os planos de criar novas tarifas, mas adiou diversas vezes o projeto na expectativa que as negociações atendessem, por fim, aos interesses dos dois países.
Apesar da posição frágil diante da maior potência econômica do mundo, a Índia dispõe de alguns elementos importantes a seu favor. As empresas americanas gostariam de ter uma participação maior no mercado indiano, em especial no setor de varejo.
Empresas como Amazon, Walmart, Google e Facebook também querem conquistar o maior número possível dos 600 milhões de usuários da internet existentes no país.
No entanto, se as tensões comerciais com os EUA se agravarem, a Índia não conseguirá ter o mesmo desempenho da China, a segunda maior economia do mundo, que impôs tarifas à importação de produtos dos EUA no valor de US$ 110 bilhões.
O crescimento do PIB indiano caiu 5,8% no primeiro trimestre do ano, a menor taxa nos últimos dois anos. Com isso, a China superou a Índia como a economia que mais cresce no mundo.
A queda do PIB no início deste ano é um sinal de uma situação econômica difícil. Além disso, é possível que as taxas de crescimento da Índia nos últimos anos tenham sido superestimadas por causa de uma mudança na forma do cálculo. Segundo Arvind Subramanian, um antigo assessor econômico do governo indiano, a taxa média de crescimento de 7% registrada pelos órgãos oficiais, entre 2011 e 2017, ficou, na verdade, mais próxima do percentual de 4,5%.CNN
Novas tarifas impostas pela Índia sobre a importação de 28 produtos dos EUA, entre eles, amêndoas, maçãs e alguns produtos químicos entraram em vigor em 16 de junho. A decisão do governo indiano é uma resposta ao aumento das tarifas dos EUA sobre o aço e o alumínio imposto em 2018.
Porém, a medida pode configurar o chamado “tiro no pé”, uma vez que a Índia teria muito mais a perder, caso se envolva em uma guerra comercial com os EUA.
“A decisão da Índia de aumentar as tarifas sobre produtos importados dos EUA é um erro estratégico para a política comercial indiana”, disse Priyanka Kishore, diretora do escritório da empresa de pesquisa Oxford Economics na Índia.
Assim como a China, que está envolvida em uma guerra comercial com os EUA, as exportações da Índia superam a importação de produtos americanos. Em 2018, as importações atingiram o valor de US$ 33 bilhões, enquanto os produtos exportados totalizaram US$ 54 bilhões. Os acordos comerciais na área de serviços entre os dois países no valor de US$ 54,6 bilhões favorecem a Índia, graças às empresas de tecnologia da informação (TI) como a Tata Consultancy Services, a Infosys e a Wipro.
“Se os EUA decidirem aumentar as tarifas sobre exportações de pedras preciosas, joias e têxteis, ou resolverem exercer mais pressão sobre as empresas de TI, isso teria um forte impacto negativo na economia da Índia”, disse Kishore.
O presidente Donald Trump não poupa críticas ao déficit comercial dos EUA com a Índia, assim como em relação às altas tarifas da Índia cobradas em produtos como motocicletas e bebidas alcoólicas. Há pouco tempo, o governo americano excluiu a Índia da lista de países com status preferencial, o que lhe dava isenção do pagamento de tarifas sobre produtos com um valor de US$ 6 bilhões, com a justificativa de que recebera reclamações de fabricantes de equipamentos médicos e do setor de laticínios.
“A imposição de novas tarifas a produtos importados dos EUA é um sinal que a Índia pretende agir com firmeza no que se refere aos acordos comerciais com o governo americano”, disse Rajat Kathuria, diretor do India Council for Research on International Economic Relations, um instituto de pesquisa com sede em Nova Déli.
A decisão de taxar a importação de alguns produtos dos EUA também representa uma mudança importante na posição do primeiro-ministro Narendra Modi, eleito com uma votação expressiva para o segundo mandato. Em 2018, o governo anunciou os planos de criar novas tarifas, mas adiou diversas vezes o projeto na expectativa que as negociações atendessem, por fim, aos interesses dos dois países.
Apesar da posição frágil diante da maior potência econômica do mundo, a Índia dispõe de alguns elementos importantes a seu favor. As empresas americanas gostariam de ter uma participação maior no mercado indiano, em especial no setor de varejo.
Empresas como Amazon, Walmart, Google e Facebook também querem conquistar o maior número possível dos 600 milhões de usuários da internet existentes no país.
No entanto, se as tensões comerciais com os EUA se agravarem, a Índia não conseguirá ter o mesmo desempenho da China, a segunda maior economia do mundo, que impôs tarifas à importação de produtos dos EUA no valor de US$ 110 bilhões.
O crescimento do PIB indiano caiu 5,8% no primeiro trimestre do ano, a menor taxa nos últimos dois anos. Com isso, a China superou a Índia como a economia que mais cresce no mundo.
A queda do PIB no início deste ano é um sinal de uma situação econômica difícil. Além disso, é possível que as taxas de crescimento da Índia nos últimos anos tenham sido superestimadas por causa de uma mudança na forma do cálculo. Segundo Arvind Subramanian, um antigo assessor econômico do governo indiano, a taxa média de crescimento de 7% registrada pelos órgãos oficiais, entre 2011 e 2017, ficou, na verdade, mais próxima do percentual de 4,5%.CNN
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