PRÁTICA CRIMINOSA

China executa detentos para usar órgãos em transplantes, diz tribunal

A China realiza cerca de 90 mil transplantes por ano (Foto: CMSRC)

Um tribunal criado em Londres por iniciativa da Coalizão Internacional contra o Abuso de Transplantes na China (Etac) concluiu que o país continua a extrair órgãos de prisioneiros e de minorias religiosas para transplantes.

Geoffrey Nice, ex-promotor do Tribunal Penal Internacional que julgou os crimes de guerra na antiga Iugoslávia, e presidente do tribunal Etac em Londres, declarou ao final das audiências que “os membros do movimento religioso Falun Gong eram a principal fonte de órgãos para transplantes nos hospitais chineses”.

“A conclusão é que muitas pessoas morreram de forma hedionda e indescritível, sem qualquer razão aparente, que mais podem sofrer com destinos similares e que vivemos em um planeta onde a perversidade extrema pode ser encontrada no poder de um país com uma das civilizações mais antigas do mundo”, disse Geoffrey.

A perseguição aos adeptos do movimento Falun Gong começou em 1999, depois que o movimento atraiu milhões de seguidores e passou a desafiar a autoridade do Partido Comunista.

Em 2014, a China anunciou a interrupção da retirada de órgãos para transplantes de prisioneiros condenados à morte e negou as acusações de motivação política na escolha das vítimas.

O tempo de espera para transplante nos hospitais da China, em geral de apenas algumas semanas, é mínimo em comparação com o de outros países. Em depoimento no tribunal, investigadores que telefonaram ou visitaram hospitais em busca de informações sobre transplantes disseram que os seguidores do Falun Gong eram a principal fonte de órgãos.

Jennifer Zeng, presa durante um ano em um campo de trabalho por sua participação no movimento Falun Gong, relatou a rotina de exames médicos e de análise de sangue aos quais as presas eram submetidas.

“Assim que chegamos ao campo de trabalho, fizemos um check-up em uma clínica local. Depois de cerca de um mês, os guardas nos algemaram e seguimos em um pequeno ônibus para um grande hospital, onde fizemos um check-up mais completo, que incluiu exames radiológicos. Por fim, enfermeiras fizeram exames de sangue no campo de trabalho”, relatou Zeng.

Na época, Zeng, que fugiu da China em 2001, não imaginou que os exames poderiam ter uma relação com o processo seletivo de extração de órgãos. Em seu depoimento no tribunal, Zeng disse que os guardas proibiam qualquer contato pessoal entre as prisioneiras. “Assim, quando não via mais alguma detenta no campo, presumia que havia sido libertada. Mas agora associo os exames médicos ao processo cuidadoso de escolha de doadores de órgãos que, em seguida, eram assassinados”, explica ela.

Segundo o tribunal, a China realiza cerca de 90 mil transplantes por ano, um número bem maior do que o divulgado por fontes oficiais do governo.

O Parlamento do Reino Unido recebeu uma série de propostas referentes à proibição de viagens de pacientes para a realização de transplantes em hospitais chineses. Mais de 40 deputados de todos os partidos apoiaram as propostas. Israel, Itália, Espanha e Taiwan não permitem que seus cidadãos façam transplantes na China.

No início deste ano, diante das acusações do tribunal, o porta-voz da embaixada da China disse ao jornal Guardian que “o governo chinês seguia as diretrizes da Organização Mundial da Saúde no que se referia ao transplante de órgãos. Além disso, em 21 de março de 2007, o Conselho de Estado aprovou um projeto de lei, segundo o qual a doação de órgãos é gratuita e depende do consentimento do doador”.

Mas os advogados e promotores que interrogaram as testemunhas e examinaram os depoimentos ao longo das sessões do tribunal, não encontraram provas convincentes da interrupção da prática criminosa de extração de órgãos de prisioneiros e de minorias religiosas na China.The Guardian

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