CHINA VIGILÂNCIA

China coleta dados biométricos de minoria uigur

Dados podem ser usados para censura e monitoramento da população (Foto: Flickr)

Agentes do governo chinês estão coletando amostras de DNA, impressões digitais e outros dados biométricos da população de Xinjiang, uma região autônoma localizada na China. A informação é da organização Human Rigths Watch. Segundo a organização, os dados podem ser usados para monitorar pessoas de acordo com etnia, religião e opinião, uma vez que a região é conhecida por ser uma das partes mais controladas da China, onde se concentra a minoria uigur.

O governo também está criando um banco de dados de íris e tipos sanguíneos para todos os residentes de Xinjiang com idades entre 12 e 65 anos.

Xinjiang é chamada de “prisão ao ar livre” por alguns especialistas e abriga mais de 11 milhões de uigures, uma minoria turca muçulmana ocasionalmente atingida por ataques de violência. Segundo a ONG, as autoridades podem usar esses dados para vigiar pessoas e censurar a liberdade de expressão.

Parte da coleta está sendo feita através de exames médicos cedidos pelo governo, e não está claro se os pacientes estão conscientes de que os exames também são projetos para transmitir dados biométricos para a polícia.

Embora as coletas sejam oficialmente voluntárias, um uigur revelou que funcionários da região “exigiram que eles (uigures) deveriam participar dos físicos”. Além disso, uma história em um jornal local incentivou as autoridades a “trabalharem duro para convencê-los a participar”.

Aproximadamente 19 milhões de pessoas participaram dos exames denominados Physicals for All em 2017, segundo a agência estatal de notícia Xinhua. Algumas pessoas terão seus dados coletados independentemente da idade por serem consideradas pessoas com potencial perigoso pelo governo chinês.

“O banco de dados obrigatório de uma base de dados de toda a população, incluindo o DNA, é uma violação flagrante das normas internacionais de direitos humanos. É ainda mais perturbador se for feito de forma fraudulenta, sob o disfarce de um programa de saúde gratuito. As autoridades de Xinjiang devem renomear seu projeto de exames físicos para ‘Violações de Privacidade para Todos’, pois o consentimento informado e a escolha real não parecem fazer parte desses programas”, apontou Sophie Richardson, diretora da Humans Right Wacth na China.

Autoridades na região explicam que o esquema visa melhorar as políticas voltadas para o alívio da pobreza, além de ser direcionado para uma “estabilidade social” – expressão muito usada para descrever medidas criticadas.

Os sequenciadores de DNA para coletar os dados biométricos dos milhões de moradores de Xinjiang foram comprados da empresa americana Thermo Fisher Scientific, que apenas informou que espera que “todos os clientes atuem de acordo com o regulamento apropriado e as melhores práticas padrão do setor”, segundo informou a Humans Rights Watch.

A coleta de dados biométricos também se aplica a pessoas que nasceram em Xinjiang, mas se mudaram para outras partes da China.OPINIÃO

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