RETROSPECTIVA 2017 ARQUEOLOGIA

Sedução das pirâmides de Gizé segue intacta após 4.500 anos

EFE/Mohamed Hossam

O frenesi desencadeado pelo anúncio da suposta descoberta de uma câmara no interior da Grande Pirâmide, desmentida pelas autoridades egípcias, voltou a constatar o extraordinário interesse pelos segredos do Egito antigo e o incessante trabalho para desvendá-los.

A revista "Nature" publicou no dia 2 de novembro um estudo do projeto ScanPyramids - que desde 2015 analisa as pirâmides com uma técnica inovadora - que revelava a existência de um "grande oco" - de mais de 8 metros de altura, entre 1 e 2 metros de largura e 30 metros de comprimento - na Pirâmide de Quéops, conhecida como Grande Pirâmide.

A equipe de cientistas - integrada por franceses, egípcios e japoneses - apontou que essa era a primeira descoberta no interior desta pirâmide desde o Século XIX e representava um "grande avanço" para entender sua estrutura.

Os especialistas descobriram o oco mediante uma radiografia com raios cósmicos conhecidos como "múon" (que são ativados quando partículas subatômicas procedentes do espaço exterior entram em contato com a atmosfera terrestre), uma técnica não invasiva que está sendo usada em diferentes campos, sobretudo na arqueologia.

Os "múon" apresentam diferentes trajetórias quando penetram nas rochas ou atravessam o ar, o que permite diferenciar as estruturas sólidas das cavidades, como a detectada na Grande Pirâmide, situada acima da sua principal galeria.

A equipe do ScanPyramids admitiu que, por enquanto, desconhece a função da câmara ou oco, mas destacou no artigo da "Nature" que esta era a primeira vez que se descobria uma estrutura no interior de uma pirâmide desde seu exterior, graças à física de partículas.

No entanto, o Ministério de Antiguidades Egípcias - que colabora com o ScanPyramids e o autoriza a analisar o monumento mais importante do país - acusou a equipe de ter se precipitado e de ter usado "termos propagandísticos" em seu anúncio, que pegou de surpresa as autoridades do Egito.

O órgão apontou em um comunicado que já era conhecida a existência de "inúmeros ocos" dentro das três pirâmides de Gizé, por isso era errado falar de descoberta.

O secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades Egípcias, Mustafa Waziri, explicou à Agência Efe que "existem muitos ocos, porque não podemos qualificá-los de câmaras, mas não sabemos" quantos nem onde estão localizados, nem para que serviam.

Além disso, outras duas equipes, uma americana e uma japonesa, vão realizar uma nova análise para confirmar os resultados obtidos pelo ScanPyramids, segundo Waziri.

No entanto, o arqueólogo considerou que o escaneamento das pirâmides "não vai oferecer a verdadeira história" que se encontra por trás destas enigmáticas construções.

A Grande Pirâmide - construída em homenagem a Khufu, segundo faraó da IV Dinastia que reinou de 2550 a.C. a 2527 a. C., e a quem Heródoto chamou de Keops -, junto às vizinhas pirâmides de Quéfren e Miquerinos, são os monumentos funerários mais emblemáticos do Egito antigo, erguidas para que fossem sepultados e lembrados os reis que as batizaram.

Seu método de construção continua sendo um mistério até hoje, assim como muitas outras incógnitas sobre os antigos egípcios e que "algum dia conheceremos", segundo Waziri.

"As pirâmides são conhecidas por todo o mundo porque são a construção mais complexa, mais famosa e mais importante da história", destaca o secretário.

Além da paixão dos amantes da egiptologia, os especialistas que fazem alguma descoberta importante "sabem que seu nome ficará na história para sempre", acrescenta Waziri, explicando desta forma o grande interesse dos arqueólogos de todo o mundo pelo Egito.

Prova disso é a polêmica que o britânico Nicholas Reeves protagonizou em 2015, após formular uma hipótese segundo a qual atrás da parede norte do túmulo do famoso faraó Tutancâmon, em Luxor, haveria uma câmara na qual estaria sepultada a rainha Nefertiti, o que também gerou uma expetativa muito grande até que as autoridades egípcias desmentiram após vários exames.EFE

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